Dados do Trabalho
TÍTULO
MIGRAÇAO DE DIU PARA A BEXIGA
INTRODUÇÃO
O dispositivo intrauterino (DIU) tornou-se mais comum, já que em 2017 o Ministério da Saúde disponibilizou o acesso segundo critérios de elegibilidade. Além disso, o DIU é economicamente acessível e seguro, tendo complicações incomuns, como a perfuração do útero que varia de 0,4 a 6,7 por 1000 implantações.(1,4)
Perante esse contexto, relataremos um caso ocorrido no Norte do Brasil, que se trata da migração do DIU e de suas consequências.
RELATO DE CASO
Paciente, sexo feminino, 25 anos, com queixas de disúria, hematúria, acompanhado de dor nos quadrantes inferiores do abdome há cinco anos. Antecedente de infecção do trato urinário recorrentes (inclusive durante suas gestações em 2015 e 2017). Relatava implantação de DIU em 2013, apresentando posteriormente sangramento vaginal, dor pélvica aguda e hematúria. Foi internada na enfermaria de urologia do Hospital de Base Dr Ary Pinheiro, em Porto Velho-RO, sendo submetida a uma nova tomografia, com cateterização vesical seguida de cistografia, qual foi identificado calcificação do DIU no interior da bexiga. Após o diagnóstico, foi submetida à cirurgia endoscópica com litotripsia a Holmium Laser e retirada do DIU por cistoscopia. Um mês após a cirurgia, paciente evoluiu com melhora dos sintomas
DISCUSSÃO
O DIU tem durabilidade de até 10 anos, embora sua retirada pode ocorrer a qualquer momento. O principal mecanismo de ação é a produção de prostaglandinas que geram respostas inflamatórias espermicidas. Ademais, ocorre alteração na mobilidade dos espermatozoides, impossibilitando a caminhada até o trato genital superior(3).
Após tornar-se uma prática comum, a ocorrência dos riscos aumentaram, tais como a perfuração da parede do útero pelo DIU ou por instrumentos utilizados na colocação, afetando em até 15% as vísceras pélvicas e abdominais adjacentes(2). Outra complicação é a migração do dispositivo, podendo gerar obstrução intestinal, infertilidade, fístula vésico-uterina, entre outras(1). Assim, a mulher deve ficar em alerta aos sintomas a fim de evitar complicações mais graves.
O risco de perfuração é maior nas primeiras 4 semanas pós-parto e pós aborto, mulheres com redução do tamanho uterino, histórico de cirurgias pélvicas e até de forma espontânea após um longo tempo de inserção(1). Identifica-se o local de migração do DIU de acordo com os sintomas da paciente -quando migrado para bexiga tende a apresentar deposição de sais de cálcio e consequentemente sintomas irritativos do trato urinário que podem simular infecções da bexiga, tais como urgência, dor , polaciúria e hematúria. No caso relatado, o problema ainda foi agravado pela falência do método anticoncepcional que acarretou em duas gravidezes após a implantação do dispositivo.
Portanto, é indispensável a retirada do DIU caso haja confirmação da migração via ultrassonografia transvaginal ou ultrassonografia de rins e vias urinárias, contando ainda com radiografia de abdome. A retirada soluciona de imediato o problema e poucas sequelas em longo prazo são relatadas.
Área
UROLOGIA
Instituições
Universidade Federal de Rondônia - Rondônia - Brasil
Autores
Nayara Roncoleta, Lígia Pereira Martins Quessada, Lilian Pereira Martins Quessada, Gabriel Fumian Milward de Azevedo, Wanessa Gouveia Castro, Lenara Melo da Silva, Alessandro Corrêa Prudente dos Santos