Dados do Trabalho


TÍTULO

O STATUS LINFONODAL E O MELHOR PREDITOR PROGNOSTICO NO APOS QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO CANCER GASTRICO LOCALMENTE AVANÇADO

OBJETIVO

A quimioterapia neoadjuvante (nQT) seguida gastrectomia radical é uma opção de tratamento promissora para o câncer gástrico localmente avançado (CG), proporcionando benefício de sobrevida comparado à cirurgia isolada. No entanto, os pacientes que responderão ao tratamento e seus efeitos na sobrevida permanecem pouco esclarecidos. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar os fatores prognósticos e as características clinicopatológicas dos pacientes com GC submetidos à nQT.

MÉTODO

Foram avaliados retrospectivamente todos os pacientes com GC submetidos a nQT seguido de gastrectomia curativa entre 2009 e 2018. A presença de tumor residual (TR) foi quantificada de 0% a 100%, e o valor de cutoff de 50% usado para a análise, definindo os grupos com pior resposta (PR) (> 50% de TR) e melhor resposta (MR) (<50% de TR). A regressão do linfonodal (LN) foi também avaliada. Todos os pacientes foram tratados com quimioterapia à base de 5-flurouracil/cisplatina ou paclitaxel.

RESULTADOS

Entre os 62 pacientes avaliados, 20 (32,2%) apresentaram MR e 42 (67,7%) PR. A média de TR foi de 63,9% (mediana de 80%), e dois casos apresentaram resposta patológica completa. O grupo MR apresentou tumores menores (4,1 vs 6,2, p=0,007), predomínio do tipo histológico difuso (p=0,018), menor grau de invasão tumoral (ypT) ( p=0,012) e estágio menos avançado (p=0,021) do que o grupo PR. pN0 foi alcançado em 50% e 69% do grupo MR e PR, respectivamente (p=0,147). Dos 55 GC reavaliados para resposta linfonodal, características de regressão em LN0 e LN+ foram observadas em 10,9% e 32,7% dos casos, respectivamente. Nenhuma diferença na proporção de TR no sítio primário foi observada entre pacientes com e sem resposta linfonodal (p=0,254). Em um seguimento mediano de 30,9 meses, não houve diferença na sobrevida livre de doença (SLD) entre os grupos MR e PR (72,2% vs 71,4%, respectivamente; p=0,956). No entanto, o GC ypN0 (incluindo N0 regredido) apresentou melhor DFS que ypN+ (100% vs 55,3%, respetivamente, p <0,001), quer fossem MR ou PR. O status dos LN foi o único fator independente associado ao SLD. Enquanto Charlson e ypN + foram associados com pior sobrevida global na análise multivariada.

CONCLUSÕES

O status dos LNs após a nQT foi um fator prognóstico relacionado à SLD, enquanto a regressão do tumor não se associou significativamente à sobrevida. Além disso, o prognóstico dos pacientes ypN0 com sinais regressão foi o mesmo que dos ypN0 sem sinais de regressão tumoral. A resposta patológica no sítio primário não alterou o prognóstico do CG ypN0. Esses achados demonstram a importância de se avaliar a regressão tumoral também nos LNs, não apenas no sítio primário.

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Hospital das Clínicas da FMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

Marina Alessandra Pereira, Marcus Fernando Kodama Pertille Ramos, Leonardo Cardili, Amir Zeide Charruf, Bruno ZIlberstein, Evandro Sobroza Mello, Ulysses Ribeiro Junior, Ivan Cecconello