Dados do Trabalho


TÍTULO

ABSCESSO ESPLENICO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O abscesso esplênico consiste em patologia rara, tendo menos de 600 casos descritos na literatura até 2008, porém com aumento crescente. Afeta homens e mulheres na mesma proporção com distribuição bimodal, na terceira e sexta décadas de vida. Possui etiologia certa ainda questionável, sendo os principais fatores de risco a embolia séptica secundária à endocardite bacteriana, anemia falciforme, imunossupressão e infecções contíguas em órgãos adjacentes, devido a úlceras pépticas perfuradas, pancreatite e empiema pleural. O quadro clínico é inespecífico, sendo a tríade febre, dor abdominal em hipocôndrio esquerdo e esplenomegalia mais comum, entretanto, os sintomas podem variar. A propedêutica consiste em ultrassonografia para identificar número, topografia e tamanho do abscesso, tomografia que possui melhor sensibilidade e especificidade, e radiografia de tórax, podendo evidenciar elevação de cúpula diafragmática e derrame pleural esquerdo. Não há tratamento estabelecido por protocolo, sendo possível a realização de antibioticoterapia de amplo espectro, drenagem percutânea ou aberta e esplenectomia laparoscópica ou aberta. Este relato de caso torna-se relevante devido raridade da doença e importância de identificação dos sintomas precocemente para tratamento.

RELATO DE CASO

Paciente J.A.S, 36 anos, sexo feminino, com relato de dor em hipocôndrio esquerdo (HCE) de forte intensidade em fincada, com irradiação periumbilical, lombar, torácica e para membro superior esquerdo acompanhada de astenia, febre em domicílio e hiporexia com perda de peso (4kg em 12 dias). Possui HAS, pancreatite alcoólica prévia, hemorragia digestiva alta por doença ulcerosa péptica e IRA; pseudocisto pancreático em tratamento expectante (Em outubro de 2016, realizou ressonância magnética com colangiografia evidenciando pancreatite aguda; e duas formações císticas, sendo na cauda pancreática e na gordura peripancreática; além de pequenas lesões focais esplênicas, inespecíficas). Na vigência do quadro agudo, realizou tomografia computadorizada que evidenciou coleções subcapsulares esplênicas septadas na sua porção superior e inferior, determinando alterações nos seus contornos, medindo 321 ml e 115ml, além de circulação colateral junto à artéria gástrica fúndica e hilo esplênico e hepatomegalia. Internou para tratamento de abscesso esplênico, sendo iniciada antibioticoterapia com Metronidazol, ampicilina e gentamicina, e tratamento cirúrgico com esplenectomia total aberta. Evolui com anemia no pós-operatório imediato (Hb: 5,6), sendo transfundida, e trombocitose (890000). Mantido dreno de penrose até véspera da alta, com drenagem serohemática. Alta no 9°DPO, sem queixas.

DISCUSSÃO

Esse relato de caso demonstra que o abscesso esplênico pode ocorrer em indivíduos imunocompetentes, sem outra fonte de infecção, e possui quadro clínico inespecífico. Torna-se importante o reconhecimento precoce, pois a doença acarreta graves complicações e apresenta alto índice de mortalidade se não tratada corretamente.

Área

FÍGADO

Instituições

Santa Casa de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Autores

Ana Luisa Barros Oliveira, Ana Carolina Martins Faria de Abreu, André Luiz Resende Corrêa, Huberth Andre Vieira Zuba, Marcelo Polastri Gomes Ferreira, Rodrigo Caldas Trindade, Rodrigo Nankran, Michael Giovanni Ladeia Almeida