Dados do Trabalho
TÍTULO
PSEUDOCISTO PANCREATICO GIGANTE: RELATO DE DERIVAÇAO POR CISTOENTEROANASTOMOSE EM Y DE ROUX
INTRODUÇÃO
O pseudocisto de pâncreas é uma coleção de tecido pancreático necrosado, sangue e enzimas. Ao contrário do que ocorre com cistos verdadeiros, os pseudocistos não possuem revestimento epitelial e suas paredes são formadas por tecido de granulação e fibrose. A primeira documentação da moléstia ocorreu em 1961 e foi registrada por Morgani durante estudos realizados com cadáveres. O pseudocisto é uma complicação tardia de afecções pancreáticas, podendo aparecer em até 8% dos casos de pancreatite aguda. Apesar de ser a lesão cística mais comum da pâncreas, não requer tratamento na maioria dos casos
RELATO DE CASO
Paciente masculino,53 anos referia aumento progressivo do volume abdominal há 6 meses associado a episódios de vômitos diários e perda ponderal de aproximadamente 6 kg internado. Previamente hígido e de antecedentes pessoais relatava colecistectomia há 1 ano devido a dois episódios de pancreatite biliar. Ao exame apresentava abdome distendido, com grande massa palpável em mesogastro. Trouxe a consulta tomografia de abdome que evidenciava volumoso lesão cística pancreático com efeito de massa comprimindo vísceras abdominais adjacentes, medindo 209 x 208 x 160 mm e volume de 3,6 L. Devido a hipótese de pseudocisto pancreático procedeu-se a laparotomia exploradora. No intraoperatório, notou-se volumoso cisto pancreático fortemente aderido ao cólon transverso, realizado drenagem de cisto pancreático (aproximadamente 6 litros) e confecção de derivação em Y de Roux com alça jejunal. O anatomopatológico do líquido do cisto foi negativo para células neoplásicas, a biopsia da parede do cisto sugeriu parede fibrosa sem sinais de malignidade e CA-19-9 de 28,5. Evoluiu assintomático, recebendo alta no 7º dia pós-operatório. Paciente em acompanhamento ambulatorial sem queixas.
DISCUSSÃO
A ocorrência de pseudocistos pancreáticos é paralela à da pancreatite e sua etiologia se assemelha as causas dessa patologia. Independente da etiologia do pseudocisto, sua incidência é baixa, 1,6% - 4,5% ou 0,5 - 1 por 100.000 adultos por ano. A patogênese dos pseudocistos baseia-se em interrupções do ducto pancreático devido a pancreatite ou trauma seguido pelo extravasamento de secreções pancreáticas. A apresentação clínica do pseudocisto pancreático pode variar desde pacientes assintomáticos até grandes catástrofes abdominais devido a complicações locais como hemorragia (geralmente de pseudo-aneurisma da artéria esplênica), infecção e ruptura. Além dessas complicações, obstrução gástrica, biliar e trombose de veia esplênica ou portal também podem ocorrer. Dessa forma, nenhum conjunto de sintomas é específico para o pseudocisto, devendo-se considerar esse diagnóstico em paciente com dor abdominal persistente, anorexia ou massa abdominal após história de pancreatite. A drenagem interna ou externa do pseudocisto é o tratamento de escolha para os casos com indicação cirúrgica, podendo ser feita por via percutânea, endoscópica ou cirúrgica, sendo esta última a escolhida para o nosso caso.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Hospital Geral de Carapicuíba - São Paulo - Brasil
Autores
Bruno Amantini Messias, Erica Rossi Mocchetti, Lucas Antonio Pereira do Nascimento, Douglas Yuji Saito, Renata Salvino Zanon, Karin Silva Ferreira, Beatriz Queiroz Cruz, Jaques Waisberg