Dados do Trabalho


TÍTULO

COLECISTITE AGUDA POR PROJÉTIL DE CHUMBO IMPACTADO NO DUCTO CÍSTICO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A presença de corpos estranhos no trato biliar constitui evento raro, podendo ter origens diferentes, tais como: material cirúrgico residual, objetos ingeridos e projéteis. Segundo revisões sistemáticas, o corpo estranho mais frequentemente encontrado na via biliar é material cirúrgico residual. A obstrução da vesícula biliar ou via biliar principal por projétil de arma de fogo, ou por parte dele, é considerado um evento extremamente raro. Esses projéteis são classificados em dois tipos: alta e baixa velocidade. Os de alta velocidade destroem o parênquima hepático e o sistema biliar, enquanto os de baixa velocidade penetram no sistema hepatobiliar sem causar grandes danos. A lesão traumática da via biliar extra-hepática é rara.

RELATO DE CASO

Paciente R.S de 32 anos, sexo masculino, deu entrada no serviço de emergência do Hospital de Trauma local através da sala vermelha, vítima de ferimento por arma de fogo (espingarda calibre 12) e foi operado em caráter de emergência devido a lesão em região toraco-abdominal em topografia de fígado. Realizado drenagem torácica à direita, hepatorrafia e frenorrafia direita, para reparo de lesões. Evoluiu satisfatoriamente no pós-operatório, sem intercorrências, recebendo alta hospitalar. 15 dias após sua alta hospitalar o paciente retornou ao serviço com dor abdominal intensa em região de hipocôndrio direito associada a sinal de Murphy positivo, sem sinais de irritação peritoneal. Fora encaminhado para USG abdominal que evidenciou espessamento de parede da vesícula e líquido perivesicular. Dado seguimento solicitando-se tomografia abdominal que detectou a presença de um material metálico impactado no infundíbulo da vesícula, concluindo o caráter inflamatório do processo, decorrente da obstrução do ducto cístico por um projétil de chumbo residual. Diagnosticado, então, uma colecistite aguda, o paciente fora reabordado para realização da colecistectomia convencional que transcorreu sem anormalidades no transoperatório. Evoluiu sem demais intercorrências, recebendo alta hospitalar no quarto dia pós-operatório.

DISCUSSÃO

No caso supracitado é possível identificar um espaço de tempo entre o trauma e o dia de início dos sintomas relativos à via biliar. É tido como justificativa a lenta migração do projétil dentro do parênquima hepático, realizando o trajeto do fígado para a vesícula biliar pela face desta aderida ao fígado, não chegando a apresentar extravasamento de bile para cavidade peritonial, o que dificultou o diagnóstico do corpo estranho no interior da vesícula durante o primeiro ato cirúrgico. Ocorrera então uma resposta inflamatória local após o trauma pelo projétil de chumbo que impactou em região de ducto cístico levando a um quadro atípico de colecistite aguda. O caso relatado e algumas poucas publicações levantadas, nos trazem a discussão da relação entre um evento traumático com projétil de arma de fogo e a colecistite secundária a esse evento.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

UNIFACISA - Paraíba - Brasil

Autores

AMANDA ARIEL PIRES CAVALCANTI ZECA, KAROLYNE ERNESTO LUIZ NOBRE, LUANNA MIRELLE SANTANA GUIDO, PAULO ROBERTO DA SILVA JÚNIOR , HIANNY RIBEIRO CABRAL, ANTONIO DE SÁ BARRETO GONDIM NETO, ARTHUR ANDERSON PIRES CAVALCANTI ZECA