Dados do Trabalho


TÍTULO

TRAUMA CERVICAL PENETRANTE POR ARMA BRANCA: TRATAMENTO CIRURGICO DE LESAO DE HIPOFARINGE COM RETALHO MUSCULAR

INTRODUÇÃO

Os traumatismos da região cervical destacam-se por sua alta complexidade e elevada morbidade. As lesões penetrantes constituem um mecanismo de trauma importante, presente em 5-10% dos politraumatizados e com uma taxa de mortalidade estimada em 3-10%. Há predomínio nos homens entre a terceira e quarta décadas de vida e o mecanismo mais comum é o ferimento por arma de fogo. O tratamento dos traumas cervicais penetrantes ainda é controverso, sendo tendência atual o tratamento cirúrgico seletivo baseado em estabilidade clinica, achados clinicos e exames complementares

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 39 anos, deu entrada no Pronto Socorro com historia de agressão física por arma branca, apresentando ferimento transfixante em região cervical. Apresentava-se estável hemodinamicamente, vias aéreas pérveas, Glasgow 15, com lesão transfixante em zona II, com saída de secreção salivar e apresentou um episódio de hematêmese em pequena quantidade. Optado pela realização de tomografia comptadorizada que evidenciou desvio e redução da luz em área de faringe e laringe supraglótica e moderado hematoma em veia jugular interna direita. Foi submetido a cervicotomia exploradora e identificada lesão de hipofaringe em toda a sua extensão e lesão de veia jugular interna direita com sangramento importante. Realizada ligadura de veia jugular direita e em seguida fechamento de lesão de hipofaringe com sutura de lesão com Vycril 3.0 e retalho de músculo esternocleidomastoideo, traqueostomia, drenagem cervical e passagem de sonda nasoenteral. Permaneceu 10 dias com dieta enteral. Submetido a teste com líquidos sem extravasamento cervical sendo optado por introdução de dieta via oral. Evoluiu sem queixas e com boa aceitação de dieta, recebendo alta hospitalar no 13º dia de pós operatório

DISCUSSÃO

A região cervical pode ser dividida anatomicamente em três zonas (I, II, III), compreendidas, respectivamente, entre as clavículas e a cartilagem cricóide; a cartilagem cricóide e o ângulo da mandíbula; o ângulo da mandíbula e a mastoide. A zona II é a região mais acometida e as lesões cervicais mais frequentes são: vasculares (21-27%), medula espinhal (16%) e às lesões do trato aerodigestivo (6-10%), que podem acometer a laringe, traqueia, faringe ou esôfago. O diagnóstico pode ser realizado através do exame físico ou auxiliado por exames complementares como radiografia simples em três incidências, tomografia computadorizada e ressonância magnética. Atualmente, o método de escolha seria a angiotomografia computadorizada, que possui alta resolução e sensibilidade, principalmente na identificação de lesões vasculares. Em relação as vias aéreas e trato digestivo, são lesões associadas a traumas de alta morbimortalidade e que muitas vezes não apresentam-se com sinais específicos, podendo ser assintomáticas até o momento em que o quadro torna-se grave, levando à complicações como mediastinite e sepse. Devido a alta mortalidade desse tipo de lesão, o retalho muscular se mostra como uma opção a ser lembrada.

Área

TRAUMA

Instituições

Hospital Geral de Carapicuiba - São Paulo - Brasil

Autores

Bruno Amantini Messias, Beatriz Queiroz Cruz, Renata Salvino Zanon, Fabio Orsi Ceribelli, Breno Falco, Erica Rossi Mocchetti, Jaques Waisberg, Mariana Pinto Ribeiro