Dados do Trabalho
TÍTULO
CISTO HIDATICO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A hidatidose é uma doença parasitária endêmica, predominante na Região Sul do Brasil. É causada pela forma larval do Echinococcus granulosus, que vive ancorado nas vilosidades do intestino delgado do cão e tem porco, ruminantes e o homem, como hospedeiros intermediários. A contaminação humana ocorre pelo contato com o hospedeiro definitivo (cão) ou pela ingestão de água e vegetais contaminados. Hidatidose caracteriza-se pelo desenvolvimento de cistos de dimensões variáveis, mais frequentes em fígado(75%) e pulmões(15%), que crescem cerca de 2-3cm por ano. Quando ocorre manifestação clínica, decorre geralmente da compressão de estruturas ou órgãos vizinhos, podendo inclusive infectá-los ou comprometer a sua homeostasia. A hidatidose hepática consiste em 50 a 70% das hidatidoses, e pode ser tratada clinicamente com antiparasitário, como albendazol; punção percutânea do cisto (PAIR) ou exérese cirúrgica, total ou parcial do cisto. Tal relato de caso evidencia situação rara, a qual os cirurgiões devem ter conhecimento para diagnosticar e abordar precocemente, evitando complicações.
RELATO DE CASO
O.B.S, masculino, 57 anos, caminhoneiro na região Sul do Brasil, com relato de dor em hipocôndrio direito há 2 anos, acompanhada de alterações gastrointestinais. Sendo diagnosticado abscesso hepático por Tomografia computadorizada (TC), foi encaminhado ao nosso serviço para drenagem via laparoscopia. Realizada punção que evidenciou secreção purulenta. Manteve uso de gentamicina, metronidazol e ampicilina, tendo alta em boas condições clinicas. Evoluiu, após 60 dias, com anemia grave, hipotensão e perda ponderal. Realizada nova TC, tendo volumosa formação cística heterogênea com calcificação parietal em hipocôndrio direito (1636ml), sendo aventada possibilidade de Cisto Hidático, com extensão para o espaço de Morrison/suprarrenal direita, tendo esta glândula aderida ao cisto. Paciente foi então submetido a laparotomia mediana para ressecção do cisto, sem intercorrências, sendo iniciado Albendazol no pós-operatório. Paciente apresentou, no pós-operatório imediato em CTI, insuficiência de glândula suprarrenal, evoluindo a óbito. Laudo anatomopatológico da peça confirmou hipótese de Cisto Hidático, pesando 644 gramas, com paredes fibrosas, centro hemorrágico e necrótico, áreas de calcificações e estruturas tipo cristais.
DISCUSSÃO
Esse relato torna-se relevante por demonstrar a importância da anamnese (perfil epidemiológico), e do tratamento do paciente como um todo, já que o quadro clinico da comorbidade não é especifico e a evolução, lenta. A Hidatidose, na maioria dos casos, é um achado no decurso do tratamento de outras afecções, e desconhecida pela maioria dos médicos, mesmo ocorrendo endemicamente no país.
Área
FÍGADO
Instituições
Santa Casa de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
Autores
Ana Luisa Barros Oliveira, Ana Carolina Martins Faria de Abreu, Huberth Andre Vieira Zuba, Rodrigo Caldas Trindade, Marcelo Polastri Gomes Ferreira, Rodrigo Nankran, Michael Giovanni Almeida, Vitor Henrique Xavier Bomfim