Dados do Trabalho


TÍTULO

SINDROME DE WERNICKE-KORSAKOFF POS-BARIATRICA: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Bypass gástrico em Y de Roux (BPGYR) é o tipo de cirurgia bariátrica mais segura e efetiva, correspondendo a cerca de 70 a 75% dos procedimentos bariátricos realizados em todo mundo. O procedimento envolve mecanismo restritivo e diabsortivo. Até 30% dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica desenvolvem complicações nutricionais. Uma das deficiências observadas, principalmente no pós-operatório de BPGYR, é a de vitamina B1, esse déficit nutricional, pode ser, um fator precipitante de distúrbios neurológicos podendo ocasionar a SWK. Em 1998 MASON depois de cuidadosa revisão da literatura, escreveu em seu trabalho algumas observações importantes sobre a ocorrência de Wernicke Korsakoff após a cirurgia bariátrica. Referiu que ela ocorre 2 a 3 meses após o início do quadro de vômitos e que ocorre em função da impossibilidade do paciente para tomar vitaminas. Apresenta-se aqui, um relato de caso de deficiência de vitamina B1 com suspeita diagnóstica de Síndrome de Wernicke-Korsakoff (SWK) no pós-operatório do Bypass Gástrico em Y de Roux (BPGYR).

RELATO DE CASO

Paciente MCGO, 28 anos, IMC 37,86 kg/m2, com as seguintes comorbidades, hipotireoidismo e esteatose grau II, foi submetida em fevereiro de 2018 ao BPGYR. Paciente não foi à UTI, recebendo alta no 1° DPO, sem complicações. Seguiu as medidas usuais de tromboprofilaxia, as orientações e em acompanhamento regular. Iniciou dieta padrão para cirurgia bariátrica, 15 dias de líquidos (30 ml de 15 em 15 min) e 15 dias de pastoso, com boa aceitação. Depois de 60 dias, a paciente foi internada referindo os sintomas, náuseas, vômitos, diminuição da acuidade visual e nistagmo ao exame físico. Foi dosado o nível sérico de Vitamina B12, com valor dentro do intervalo de normalidade. A conduta foi a reposição com Citoneurin injetável, havendo melhora dos sintomas, juntamente com Complexo B venoso por 3 dias e depois mantido oral.

DISCUSSÃO

Atualmente, o “padrão ouro” da bariátrica é o BPGYR, que consiste em mecanismo restritivo, a bolsa gástrica, com cerca de 30-60 ml, que promove saciedade e redução na ingestão de alimentos, e um mecanismo disabsortivo com a exclusão do estômago distal, do duodeno e do jejuno proximal. Diante disso, como consequência, as deficiências nutricionais podem ocorrer. A SWK surge como uma das complicações da Cirurgia bariátrica. Sendo esta mais comum em alcoólatras e mulheres com hiperemese gravídica. No caso do paciente em estudo, essa correlação é uma hipótese diagnóstica, pois a Tríade clínica clássica foi constatada: Estado confusional agudo, oftalmoparesia e nistagmo. Sendo assim, o médico deve suspeitar a presença da Síndrome em indivíduos que se apresentem malnutridos ou em condições que amplifiquem a taxa metabólica ou interfiram com os processos de ingestão, digestão e absorção dos alimentos. Ainda assim, existe a necessidade de pesquisas mais detalhadas, sendo necessário uma abordagem diferenciada em relação aos parâmetros laboratoriais em pacientes obesos submetidos a cirurgia bariátrica.

Área

CIRURGIA DA OBESIDADE - METABÓLICA

Instituições

CESUPA E FAMAZ - Pará - Brasil

Autores

CLAYTON ALENCAR MOREIRA, FIDERALINA AUGUSTA DA SILVA PAES, IAN PEREIRA VAZ MOREIRA, SANDRO CAVALCANTE RAIOL