Dados do Trabalho
TÍTULO
FISTULA AORTOENTERICA: RELATO DE TRATAMENTO CIRURGICO COMBINADO
INTRODUÇÃO
Fistula aortoenterica é uma rara complicação de cirurgias vasculares, porém com alto índice de mortalidade. As fistulas podem ser primárias ou secundárias. Estas últimas, mais frequentes, ocorrem após reconstruções vasculares com prótese, sendo o tema desse relato de caso.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 59 anos, foi encaminhado pelo cirurgião vascular ao ambulatório de cirurgia geral devido queixas de tenesmo, fezes em fita e perda de peso. Os sintomas iniciaram logo após a uma revascularização dos membros inferiores com a colocação de prótese de Dacron aortobifemoral devido a insufuciência arterial crônica. Também apresentava cianose e claudicação de membro inferior direito, sem queixas em relação ao membro contralateral. Foi solicitado tomografia de abdome que evidenciou enxerto arterial aortobifemoral bem contrastado, estando o componente direito em íntimo contato com parede do cólon sigmoide. Realizado colonoscopia, onde foi visualizado corpo estranho na luz do reto a 10 cm da borda anal, pulsátil, podendo corresponder a extrusão da prótese vascular, sem sinais de sangramento ativo. Foi optado pelo procedimento cirúrgico para correção da fístula. Optado pela confecção de bypass femorofemoral cruzado e ligadura da porção femoral direita da prótese anterior, mantendo fluxo para o membro direito. Após, foi realizado laparotomia mediana onde foi identificado o ramo direito da prótese transpondo o retroperitonio, parede retal e acometendo a bexiga. Optado por colectomia a hartman, com ressecção da área acometida, ráfia da bexiga e colostomia terminal.
DISCUSSÃO
Apesar de raro, as fistulas arteriais são complicações graves com alto índice de mortalidade. O uso de próteses vasculares aumenta a ocorrência, são as chamadas fistulas secundárias. O local de maior ocorrência é o duodeno, seguido pelo delgado, esôfago e estômago, sendo o cólon raramente afetado (apenas 2% dos casos). O mecanismo de lesão é incerto, podendo estar relacionado a falhas na anastomose vascular, causando pseudoaneurimas que podem erodir e se comunicar com o intestino, ou erosão pelo material protético somada a falta de tecido retroperitoneal local, excessiva pulsatilidade do enxerto ou infecção local, havendo divergência na literatura. Os sintomas clássicos são sépticos ou hemorrágicos, o que não ocorreu no caso relatado por provável integridade da prótese. Também pode ocorrer hipotensão, dor abdominal e anemia crônica. O diagnóstico pode ser suspeitado associando os sintomas clínicos com o antecedente cirúrgico e exames de imagem (preferencialmente angiotomografia), endoscopia digestiva alta e colonoscopia. O tratamento dever ser realizado de forma imediata, visando corrigir rapidamente o defeito para evitar sangramentos de grande monta e instabilização hemodinâmica do paciente. A taxa de mortalidade para pacientes que não recebem intervenção médica de 100%. O tratamento proposto se mostrou efetivo no caso de fistula com o cólon.
Área
CIRURGIA VASCULAR
Instituições
Hospital Geral de Carapicuiba - São Paulo - Brasil
Autores
Bruno Amantini Messias, Igor Rafael Sincos, Idalecio Souto Fonseca, Breno Falco, Fabio Orsi Ceribelli, Thais Monteiro, Renan Dias Rodrigues, Jaques Waisberg