Dados do Trabalho


TÍTULO

ISQUEMIA MESENTERICA AGUDA COM SUBESTENOSE DE TRONCO CELIACO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A isquemia mesentérica aguda (IMA) é uma emergência cirúrgica frequentemente fatal com mortalidade em torno de 70%, apresentando os sobreviventes graves complicações intestinais, mesmo com o avanço em métodos diagnósticos e conhecimento da sua fisiopatologia. Suas principais causas são: embolia, trombose arterial mesentérica, trombose venosa e causas não-oclusivas por hipoperfusão intestinal.

RELATO DE CASO

D.P.C, feminino, 57 anos, tabagista (78 maço/ano), hipertensa há 15 anos, deu entrada à unidade com quadro de dor abdominal súbita em fossa ilíaca direita (FID) há 1 dia associada à náuseas, vômitos, febre e diarreia.
Ao exame físico: desidratada 3+/4, acianótica, anictérica, afebril, abdome plano, doloroso à palpação em epigastro e FID, ruídos hidroaéreos presentes. Exames laboratoriais: leucocitose (26.000/mm³).
Foi internada com suspeita de gastroenterocolite aguda evoluindo em 24 horas com obstipação e distensão abdominal. Optou-se por realizar tomografia computadorizada (TC) de abdome com contraste, demonstrando estreitamento da aorta abdominal e ilíaca comum esquerda, sugerindo IMA. Foi feito a angioTC de abdome para avaliação cirúrgica que evidenciou estenose segmentar da artéria mesentérica superior de 2,5cm; estenose de artéria ilíaca comum esquerda, com recanalização distal por meio de colaterais e subestenose da porção inicial do tronco celíaco com calcificações na sua origem.
Após 72 horas de internação, foi submetida à laparoscopia com ressecção do cólon transverso (21cm), hemicolectomia direita e íleo-transverso anastomose término-lateral, após constatar por videolaparoscopia que não apresentava a extensão de danos compatível com os exames de imagem.
No pós-operatório teve dificuldade de reintrodução da dieta oral devido quadro de angina mesentérica. Foi realizada a inserção de dois stents em tronco celíaco com melhora da motilidade intestinal.
Evoluiu com abdome globoso, flácido, indolor, peristáltico, ferida operatória com bom aspecto, retirada do dreno túbulo-laminar e laboratório sem alterações tendo alta após 28 dias.

DISCUSSÃO

Estima-se que a IMA seja responsável por cerca de 1% dos casos de abdome agudo. Atinge preferencialmente o sexo feminino (3:1) após os 60 anos.
A dor abdominal associada a sinais de peritonite e leucocitose, mesmo em uso de antibioticoterapia devido hipótese inicial, ajudaram a continuar a investigação.
O período desde o início do quadro até o tratamento cirúrgico contribuíram para a progressão da isquemia. Estima-se que a circulação colateral formada no mesentério tenha importância para a redução da progressão pois um déficit de 75% do fluxo mesentérico por um período de 12 horas não causa danos substanciais ao intestino. Entretanto, esse intervalo foi excedido tornando a isquemia um quadro instalado na paciente.
O sucesso do tratamento irá depender do diagnóstico precoce e da rápida intervenção, visto que são importantes para a redução das comorbidades pós-operatórias do paciente.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Faculdades Integradas Aparício Carvalho - Rondônia - Brasil

Autores

Vanusa de Noronha Biesdorf, Manoel Luiz Guimarães Júnior, Gabriel Alexandre Lacerda, Lucas Maciel de Almeida Corrêa, Ivan Gregório Ivankovics, Daniel Barreto Gomes, Luiz Antonio Azevedo de Accioly