Dados do Trabalho


TÍTULO

Caso atípico de polipose adenomatosa familiar: evolução em idade tardia e associação a câncer de endométrio

INTRODUÇÃO

A polipose adenomatosa familiar (PAF) é uma doença de origem hereditária, autossômica dominante, em que há mutação no gene APC, levando à formação de inúmeros adenomas no intestino grosso que podem evoluir para adenocarcinoma. A PAF é responsável por 1% de todos os casos de câncer colorretal.

RELATO DE CASO

E.M.A.S., sexo feminino, 65 anos, viúva, aposentada, residente em Natal, apresentou queixa de diarreia intermitente e hematoquezia por 8 meses, associada à história familiar de 3 irmãos com câncer colorretal. Em razão disso, foi realizada colonoscopia que revelou múltiplos pólipos (>50) e lesões vegetantes em ceco e reto. Após resultado de biópsia, teve-se o diagnóstico de PAF, adenocarcinoma mucinoso de reto sincrônico ao de ceco. Como tratamento da PAF e do câncer, foi realizada a proctocolectomia total e ileostomia definitiva, com sucesso. Porém, após 5 anos, apresentou sangramento uterino anormal, o qual após investigação revelou, à histeroscopia diagnóstica, espessamento de endométrio (15,7mm) e, ao anatomopatológico, carcinoma endometrióide. A tentativa de tratamento cirúrgico falhou em razão da aderência do útero ao sacro, tendo sido a paciente encaminhada à radioterapia.

DISCUSSÃO

De acordo com o achado da colonoscopia, a PAF pode ser classificada em clássica (>100 pólipos) ou atenuada (10-99 pólipos), mas em ambas há um alto percentual de malignização e a idade de ocorrência é mais precoce que a do câncer colorretal esporádico. A forma clássica se transforma em neoplasia em 100% dos casos e ocorre por volta da 4ª década. Enquanto na atenuada é em 80% e ocorre entre 50-55 anos. Estes mesmos pacientes podem ter maior suscetibilidade a outras neoplasias, como tumores desmoides, gastroduodenais, de tireoide e ósseos. Neste sentido, não é comum a ocorrência de câncer de endométrio, o qual é fortemente associado a outra causa de câncer colorretal hereditário, a Síndrome de Lynch II.
Nesse sentido, o conhecimento sobre a PAF é capaz de aumentar a sobrevida dos pacientes e seus familiares, pois será uma conduta profilática ou precoce em pessoas que certamente teriam câncer.

Área

COLOPROCTOLOGIA

Instituições

LNRCC - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

Luciana Ayres de Oliveira Lima, Renata Guerreiro Maia, Camila Ferraz Rafael, Romualdo Silva Corrêa, Tayane Karen Souza, Lucas de Sousa Bacellar, Pedro Vinicius Aquino Chaves, Anna Gabriela dos Santos Silva