Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA ARTERIOBILIAR POS ESTENOSE DE VIA BILIAR: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As lesões de vias biliares são situações clínicas de alta complexidade. Mesmo diante de uma abordagem cirúrgica precoce, apresentam diversas complicações, sendo a reestenose a principal. As fístulas arteriobiliares são complicações relativamente raras e sua etiologia é variável. Normalmente são consequentes de cirurgias envolvendo o sistema hepatopancreatobiliar. Queixas como icterícia, dor em hipocôndrio direito e hemorragia digestiva alta (HDA) estão presentes em 33% dos casos, os quais, somados à existência de hemobilia massiva, traduzem uma urgência médica. Portanto, o diagnóstico precoce dessa complicação é de extrema importância na condução clínica e no prognóstico do paciente.

RELATO DE CASO

Paciente, sexo feminino, 56 anos, submetida à colecistectomia convencional em 2013, cursando com lesão de via biliar e estenose. Optado por tratamento cirúrgico com derivação biliodigestiva e reconstrução do trânsito em Y de Roux com inserção de prótese em ducto hepático esquerdo, realizado em 2014. Após 4 anos, cursou com icterícia, prurido cutâneo, acolia fecal, colúria e febre à admissão, negando dor abdominal. Os exames de imagem demonstravam estenose suboclusiva da anastomose hepático-jejunal e obstrução da prótese biliar previamente implantada, associadas à ectasia de ramos biliares intra-hepáticos à esquerda, e aerobilia. Durante tentativa de retirada da prótese biliar, evoluiu com hematêmese de grande monta e choque hemorrágico, controlada após embolização de urgência em artéria hepática esquerda hipoplásica e colocação de dreno biliar. Após o procedimento, cursou com colangite e, posteriormente, melena, hematêmese e hemobilia, com queda dos níveis séricos de hemoglobina e instabilidade hemodinâmica. Novos exames revelaram fístula arteriobiliar em ramo esquerdo da artéria hepática, tratada com embolização desse ramo. Evoluiu com melhora clínica e estabilidade hemodinâmica.

DISCUSSÃO

Fístulas arteriobiliares e hemobilia são causas raras de HDA. A manipulação das vias biliares, cirúrgica ou não, pode cursar com lesões e estenose dessas estruturas, e esporadicamente na formação dessas fístulas. Hematêmese, melena, icterícia e dor em hipocôndrio direito são os principais sintomas e, quando presentes em conjunto, formam a tríade de Quincke. Tal quadro clínico apresenta uma evolução dramática, podendo cursar com instabilidade hemodinâmica como no caso descrito, representando uma emergência médica. A embolização por hemodinâmica é uma das principais formas de tratamento por ser uma via de manejo rápido, com uma taxa inicial de controle da hemorragia entre 89-98%. No caso acima, foi realizada a embolização do ramo segmentar da artéria hepática esquerda, que se mostrou eficaz no controle do sangramento. Em suma, mesmo cirurgias relativamente simples podem evoluir com complicações temerosas como fístulas arteriobiliares, que, embora raras, representam uma emergência clínica, impactando diretamente no prognóstico destes pacientes.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Bruna da Silva Feitosa, Lívia Gabriela Campos Alves, Renata Gabriela de Morais Vargas, Maurício Vilela Freire, Rodrigo Silveira Rocha, Tristão Maurício de Aquino Filho, Marcel Takeshi Shono, Renato Ayorza Cury