Dados do Trabalho
TÍTULO
NEOPLASIA MUCINOSA DE BAIXO GRAU DO APÊNDICE CECAL: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Os tumores de apêndice são raros, predominantemente representados por tumores epiteliais e neuroendócrinos, e constituem menos de 1% das neoplasias intestinais. As neoplasias mucinosas de baixo grau (LAMNs) estão entre as mais comuns das neoplasias epiteliais. LAMNs é a terminologia mais recente para designar tumores mucinosos do apêndice que apresentam risco de disseminação peritoneal associado a Pseudomixoma Extraperitoneal (PMP). Diante disso, objetiva-se relatar um caso de neoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice cecal.
RELATO DE CASO
MDV, feminino, 82 anos, encaminhada ao serviço de proctologia para avaliação de achado incidental em Tomografia Computadorizada (TC) de abdome superior e pelve, que evidenciou formação expansiva cística alongada, de parede espessa e com calcificação na periferia, localizada na fossa ilíaca direita, em continuidade com ceco e hipótese de mucocele. Foi submetida à hemicolectomia direita e linfadenectomia retroperiotoneal. O anatomopatológico da peça cirúrgica revelou neoplasia mucinosa de baixo grau do apêndice cecal, margens livres e ausência de metástase linfonodal. Em seguida, foi encaminhada à oncologia clínica para seguimento clínico, sem indicação de adjuvância devido à ressecção total do tumor.
DISCUSSÃO
As LAMNs ocorrem tipicamente em pacientes na sexta década de vida. Apesar de apresentar-se mais comumente com dor abdominal que clinicamente mimetiza apendicite aguda, frequentemente esses tumores são descobertos incidentalmente durante pesquisa ou procedimento cirúrgico por outra causa. Os casos assintomáticos acontecem principalmente em mulheres, por elas estarem mais propensas a sofrer apendicectomias durante cirurgias ginecológicas. As neoplasias mucinosas do apêndice podem causar dilatação cística do apêndice (mucocele), e a ruptura de um LAMN retroccecal pode resultar em uma coleção retroperitoneal de mucina, o PMP. Devido ao risco de ruptura, o tratamento consiste em procedimento cirúrgico. Há recomendações para se tomar condutas mais agressivas, como hemicolectomia direita e a remoção de todos os implantes mucóides associados à citorredução, apesar de a apendicectomia ser classicamente considerada um tratamento definitivo. O prognóstico depende, portanto, da presença ou ausência de ruptura e de células epiteliais fora do apêndice, sendo aqueles confinados ao apêndice de bom prognóstico.
À luz do exposto, as LAMNs são raras e seu significado clínico está na possibilidade de PMP, complicação associada a pior prognóstico. Assim, o reconhecimento de achados sugestivos da neoplasia, como a mucocele, é fundamental para conduta adequada e melhor evolução da doença.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
LNRCC - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
Luciana Ayres de Oliveira Lima, Isa Maryana Araújo Bezerra de Macedo, Romualdo Silva Corrêa