Dados do Trabalho
TÍTULO
SUB-OCLUSAO INTESTINAL SECUNDARIO A HIDATIDOSE POLICISTICA.
INTRODUÇÃO
A hidatidose é uma doença infecciosa crônica causada por cestódeos do gênero Echinococcus, cujos hospedeiros definitivos são mamíferos como carneiros, pacas e cães.1 A depender da espécie de Echinococcus a apresentação da doença em humanos pode ser cística (E.granulosus), alveolar (E. multilocularis) e policística (E. oligarthrus e E. vogeli). O homem comporta-se como hospedeiro intermediário.1 No Estado do Acre e em toda região amazônica a espécie mais frequente é o E.vogeli, onde a caça de animais silvestres é uma atividade comum.2
RELATO DE CASO
Paciente do sexo masculino, 60 anos de idade com quadro de dor abdominal difusa tipo cólica, associado a náuseas e constipação intestinal com evolução de 2 anos, portador de hepatite B. À ultrassonografia abdominal foi evidenciada “massa abdominal”. Realizado CT de abdome e RNM, com diagnóstico de lesões nodulares mesentéricas com distensão de alças de delgado a jusante. A primeira hipótese diagnóstica foi de neoplasia mesentérica. Foi submetido à laparotomia exploradora e evidenciado lesões nodulares em mesentério jejunal que se insinuavam na luz intestinal provocando sub-oclusão. Realizado enterectomia segmentar e o exame histopatológico revelou a presença de ganchos e protoescólex, indicando diagnóstico definitivo de hidatidose policística. A figura 1 mostra o segmento ressecado. A figura 2 evidência o esfregaço do paciente.
DISCUSSÃO
A hidatidose policística é uma zoonose parasitária emergente de grande preocupação de saúde pública na região norte do Brasil3,4. Não foi evidenciado na literatura, casos de suboclusão intestinal causada por E. vogeli. Segundo D'Alessandro (1997), 80% dos casos, as lesões ocorrem somente no fígado ou em combinação com outros órgãos abdominais, sendo a segunda localização mais frequente é o pulmão5. O diagnóstico é realizado pela história epidemiológica, por ensaio imunoenzimático (alta sensibilidade) e Western blot (alta especificidade) e métodos de imagem. O que diferencia as espécies é o tamanho e a forma dos ganchos6,7. No E. granulosus o cabo é um terço do tamanho da lâmina, da mesma forma que no E. vogeli, porém neste o comprimento total do gancho é o dobro do comprimento total do E. granulosus, qual é confirmado por exame histopatológico (figura 3)8. O tratamento de escolha é o cirúrgico, podendo haver até indicação de transplante hepático, porém existem situações em que resta apenas o tratamento clínico com Albendazol9,10 como no caso de acometimento de múltiplos órgãos. O caso demonstrado elucida aspectos deste parasita que são de importância para a prática médica, buscando, assim, medidas para prevenir evoluções graves e possivelmente fatais que possam vir a se desenvolver, caso o diagnóstico não seja adequado.
Área
INTESTINO DELGADO
Instituições
Universidade Federal do Acre - Acre - Brasil
Autores
Melquior Brunno Mateus Matos, Maria Caroline da Silva Wiciuk, Mábia de Jesus Lima, Francileide Ferreira da Rocha, Fernanda Facincani Medeiros, Bruno Braga Palácio, Victor Judiss Lumes, Nilton Ghioti de Siqueira