TÍTULO

HERNIA TRAUMATICA DE PAREDE ABDOMINAL

INTRODUÇÃO

Hérnia pós-traumática é evento raro em vista da grande quantidade de acidentes vivenciados em nosso país. A primeira descrição de hérnia abdominal traumática vem de 1906, sendo evento principalmente associado a trauma abdominal fechado com mecanismos de desaceleração brusca. O diagnóstico muitas vezes é menosprezado devido sua raridade, porém é confirmado com exame clínico associado a exame radiológico. É controverso o momento ideal a ser abordada tal entidade, precocemente versus tardiamente. Apresentamos caso de Hérnia traumática de parede abdominal, onde optado por abordagem tardia, com evolução satisfatória.

RELATO DE CASO

Paciente sexo feminino 32 anos, sofreu acidente automobilístico de grande impacto. Sendo evidenciado em tomografia de admissão lesão esplênica grau 2 e espessamento da pele com densificação do tecido celular subcutâneo na parede lateral inferior esquerda, se estendendo para a região glútea e adjacente a crista ilíaca de provável natureza pós –traumática. Optado por tratamento conservador de lesões, manteve-se internada por 06 dias, e programada futura abordagem de hérnia abdominal lateral. Após 05 meses de evento traumático, paciente retorno com ressonância magnética de abdome superior, confirmando a presença de hérnia pós-traumática sem sinais inflamatórios agudos sendo indicada hernioplastia. Durante o intra-operatório, realizado incisão em região supra-ilíaca à esquerda, evidenciado presença de saco herniário e ruptura de inserção da musculatura do flanco do osso ilíaco .Feito ressecção de saco herniário, herniorrafia com fixação de tela de polipropileno abaixo da musculatura oblíqua interna, realizado dissecção e sutura de musculatura transversa, oblíqua externa e oblíqua interna ao osso ilíaco, posicionado dreno portovack em subcutâneo. Evolução satisfatória no pós operatório, alta em 02 dias com retirada de dreno em 07 dias.

DISCUSSÃO

A Hérnia traumática de parede abdominal é entidade rara, que muita das vezes passa despercebida em primeira avaliação, onde na grande maioria o diagnóstico e tratamento são tardios. O acidente automobilístico é a principal etiologia associada aos casos de hérnias traumáticas de parede abdominal, visto o trauma fechado e em associação ao uso de cinto de segurança. O acidente cursa com aumento da pressão intra-abdominal e ação direta do cinto na crista ilíaca, que causaria avulsão da musculatura de sua inserção natural.
Deparamos com caso de hérnia pós-trauma automobilístico de grande cinética em nosso serviço, identificada durante atendimento inicial e optado por abordagem tardia. Realizado técnica cirúrgica adequada, durante intra operatório foi confirmada hérnia traumática. Foi observado que após 05 meses de evolução já havia presença de saco herniário, o mesmo não interferiu no ato operatório. A opção por abordagem tardia levou em consideração aspectos físicos e psicológicos da paciente. Observado divergência na literatura, quanto ao momento ideal do tratamento e uso de tela de polipropileno.