Dados do Trabalho


TÍTULO

RECONSTRUÇAO MICROCIRURGICA DE FOSSA INFRATEMPORAL COM RETALHO ANTEROLATERAL DE COXA POS RESSECÇAO TUMORAL

INTRODUÇÃO

Considerado um grupo vasto de doenças, os carcinomas de cabeça e pescoço podem variar de regiões como tireoide até orofaringe. Como principal tratamento tem-se a ressecção cirúrgica, a qual pode resultar em danos nos ossos craniofaciais e na funcionalidade dos músculos da mímica. Para reconstrução dessas lesões, é necessário o uso de tecidos com diferentes funções. Nesse procedimento, a microcirurgia se tornou a primeira escolha, por possibilitar tecido suficiente adaptável à área a ser reconstruída, com grande pedículo vascular, além de fácil e rápida extração. Relatamos um caso com o objetivo de proteger o nervo facial, em razão de posterior tratamento radioterápico.

RELATO DE CASO

Paciente G.G.L, sexo feminino, 38 anos de idade, encaminhada ao serviço de cirurgia plástica do Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba-PR, devido à neoplasia de fossa infratemporal. O tratamento escolhido foi a ressecção da lesão com posterior reconstrução microcirúrgica utilizando retalho anterolateral da coxa.
Sob anestesia geral, foi realizada a incisão em coxa esquerda conforme demarcação cirúrgica prévia. Identificaram-se os vasos circunflexos laterais femorais e fez-se a dissecção do pedículo com posterior coleta de retalho fasciocutâneo anterolateral da coxa e sua desepidermização e emagrecimento. Fez-se anastomose do pedículo do retalho nos vasos faciais (duas veias e uma artéria) com 2 fios de Nylon 9-0, utilizando o microscópio cirúrgico. O nervo facial foi preservado. Houve a fixação do retalho em área receptora. Finalizado isso, a área doadora foi fechada por planos após colocação de dreno suctor 6.4. A hemostasia foi revisada, além da inserção de dreno Blake sob o retalho.
No pós-operatório, a paciente apresentou melhoras significativas na fala, alimentação e responsividade nos músculos da mímica.

DISCUSSÃO

Em 1959, foi introduzida a transferência de retalho microcirúrgico para a reconstrução de cabeça e pescoço como uma técnica confiável. Mais tarde, em 1984, apresentou-se o retalho anterolateral da coxa que, atualmente, é considerado primeira escolha para reconstruções de tecidos moles em cabeça e pescoço.
Atingir um sorriso harmônico e melhora na funcionalidade da fala e da alimentação são as principais metas da reconstrução facial pós ressecção tumoral. A literatura mostra sucesso do retalho em 97,8% dos casos. A fala foi considerada boa em 88% e a estética aceitável em 89% dos pacientes.
A paciente do caso teve paralisia facial total, porém retornou o movimento dos músculos zigomáticos e orbicular da boca após 4 meses da radioterapia. Os pacientes submetidos a radioterapia do nervo facial apresentam um déficit funcional importante, por isso acreditamos que o coxim gorduroso do retalho ajudou na proteção e restauração do movimento da mímica facial.
Reconstruções utilizando retalhos microcirúrgicos continuam, portanto, sendo abordagens desafiadoras, devido a questões como: ciência de aspectos anatômicos e funcionais e alto nível de experiência em reparos microcirúrgicos.

Área

CIRURGIA PLÁSTICA (Inclusive neoplasias malignas de pele)

Instituições

Universidade Estadual de Ponta Grossa - Paraná - Brasil

Autores

Pedro Henrique De Paula, Alfredo Benjamin Duarte da Silva, Marcelo Augusto De Souza, Terence Pires De Farias, Paola Andrea Galbiatti Pedruzzi, Anne Groth, Maria Cecília Closs Ono, Bruno César Legnani