Dados do Trabalho


TÍTULO

AGENESIA DE VESICULA BILIAR: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A agenesia de vesícula biliar (AVB) é uma rara anormalidade que resulta da falha no desenvolvimento do broto ventral a partir da parte caudal do intestino anterior.[1] Pode estar associada a outras anormalidades congênitas do aparelho digestivo, geniturinário e cardiovascular das quais podem até ser incompatíveis com a vida[9]. Descrita primeira vez por Bergman (1702)[2], calcula-se que sua incidência varia de 0,01% a 0,75%, mais frequente em mulheres[3-7]. Geralmente são assintomáticos, porém cerca de 23 a 50% podem manifestar sintomas de dor em hipocôndrio direito, dispepsia e icterícia.[8]
A ressonância magnética das vias biliares é considerada o padrão ouro para o diagnóstico de AVB. [9] A laparoscopia e CPRE diagnóstica podem ser necessárias.

RELATO DE CASO

M.A.R.A, sexo feminino, 40 anos, encaminhada ao ambulatório de Cirurgia Geral do Hospital Regional de Presidente Prudente com queixa de dor tipo “queimação” há dois anos, de moderada intensidade em hipocôndrio direito, com piora após alimentação gordurosa e melhora ao uso de analgésicos comuns. A paciente negou febre ou demais sintomas bem como antecedentes patológicos de base e uso de medicamentos contínuos. Ao exame físico encontrava-se em bom estado geral, eupneica, anicterica. Abdome plano, normotenso, indolor à palpação, sem sinais de peritonite.
A paciente apresentava 3 exames de ultrassonografia abdominal (USG) prévios, sendo que nos dois primeiros foram interrogados respectivamente uma vesícula contraída e jejum inadequado ao exame, já que não foi visualizada a vesicula biliar. O terceiro USG foi laudado como vesícula biliar de difícil caracterização identificando imagem hiperrefringente, medindo cerca de 47 x 17 x 17 mm e hipótese de vesícula escleroatrófica repleta de cálculos.
Optou-se então pela realização de colecistectomia videolaparoscópica. Durante o procedimento visualizou-se o ducto colédoco, ducto hepático comum, ductos hepáticos direito e esquerdo, sem visualização da vesícula biliar. Feita a revisão da cavidade não foram constatadas outras anomalias (Figura 1).
Após a videolaparoscopia prosseguiu-se a investigação com colangiorressonância que evidenciou AVB sem alterações das vias biliares intra e extra-hepáticas (Figura 2).

DISCUSSÃO

A AVB é uma anomalia rara, de difícil diagnóstico e com sintomatologia semelhante às complicações da colelitíase. O tema comum emergente de muitos casos relatados é a dificuldade de diagnóstico no pré-operatório. Isto provavelmente relaciona-se à baixa prevalência da patologia. Em até 40-65% dos casos, está associada a outras más formações congênitas. Assim, questiona-se a tendência genética dos pacientes desenvolverem essa anomalia e a necessidade de investigação destes pacientes com exames complementares para que não ocorram intervenções desnecessárias. O USG e tomografia computadorizada de abdôme podem fornecer um diagnóstico errôneo, sendo a colangiorressonância o exame com maior sensibilidade e especificidade para o diagnóstico da AVB.

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

HOSPITAL REGIONAL DE PRESIDENTE PRUDENTE - São Paulo - Brasil

Autores

DIEGO GARCIA MUCHON, HECTOR TAVEIRA MARTINS, ADRIELLE ANDRADE PUGAS, MARCEL DEPIERI ANDRADE