Dados do Trabalho


TÍTULO

APENDICITE AGUDA COMPLICADA COM ETIOLOGIA NAO CONVENCIONAL: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Apendicite aguda está entre as causas mais comuns de abdome agudo no mundo¹. A maior incidência ocorre em homens jovens, com idade entre 10-19 anos, forma não complicada, ao passo que nas crianças a incidência da emergência diminui, aumentando os índices de apendicites complicadas². Na faixa pediátrica, a obstrução do lúmen apendicular causada por corpo estranho (CE), é relativamente comum, porém raramente evolui para complicações³. O presente estudo relata um caso de apendicite aguda complicada causada por corpo estranho.

RELATO DE CASO

J.L.F.C, 15 anos, masculino, dor abdominal difusa, tipo cólica, moderada intensidade, associado a febre, durante nove dias. No décimo dia, migração da dor para fossa ilíaca direita irradiada para hipogastro, forte intensidade, associado a calafrio, disúria, urina turva e vômitos. Apetite preservado, sem alterações no trânsito intestinal. Ao exame físico, abdome plano, ruídos hidroaéreos presentes, flácido, doloroso a palpação em hipogastro, FID e FIE; Sinais de peritonite presentes e massa palpável em FID.
Exames laboratoriais: HB: 12,7g/dl, HT: 37,3%, leucócitos 17.270mm³, bastonetes 2%, seguimentados: 13,47mm³; PCR: 100,4mg/dl; EAS pH 6, nitrito negativo, 1000 leucócitos/mL, 1000 hemácias/mL, bactérias raras; função renal e hepática normais. USG abdome total: não conclusivo. Tomografia computadorizada: apêndice espessado com coleção e apendicolito. Imagem compatível com apendicite aguda fase IV bloqueada.
Realizado incisão mediana infraumbilical, presença de plastrão com apêndice indissociável do ceco sendo realizada colectomia parcial direita e enteroanastomose ileotransverso.
Laudo anatomopatológico: presença de perfuração de 0,5cm a 3,5cm da válvula íleo cecal. Apêndice cecal com coloração acastanhada e consistência firme, com dimensões 7,0 x 2,5 x 2,0cm, perfurações nas paredes medindo 0,4cm de diâmetro. Presença de estrutura inorgânica coraliforme, metálica, medindo 0,5 x 0,5 x 0,4cm próximo a área de perfuração.
Frente a hipótese de apendicite aguda por CE, paciente relatou desprendimento e deglutição de “bracket” do aparelho dentário em data compatível com história clínica. Boa evolução, assintomático, exames laboratoriais normais, realizado alta no 4ºPO.

DISCUSSÃO

Ingestão de CE é comum em pacientes menores de 5 anos, na grande maioria ocorre livre trânsito pelo trato gastrointestinal sendo eliminado com as fezes4. A deposição no apêndice cecal é incomum, podendo apresentar clínica abdominal em horas ou em anos5. Objetos rombos, não metálico apresentam sintomas tardios ao passo que objetos pontiagudos podem apresentar clínica aguda devido a complicações como perfuração. Entretanto, a incidência de perfuração intestinal por ingestão de corpos estranhos é inferior a 1%, usualmente ocorre no intestino delgado. Apendicite aguda por CE é uma afecção rara, no caso apresentado, ainda mais incomum devido a faixa etária e natureza do agente desencadeante

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Santa Casa de Campo Grande-MS - Mato Grosso do Sul - Brasil

Autores

BRUNA LOUISE BRUNA ZWARG BRANDÃO, DERMIVAL CALDEIRA