Dados do Trabalho
TÍTULO
NEOPLASIA MUCINOSA DE BAIXO GRAU DE APENDICE: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A mucocele apendicular (MA) incide em 0.07% das apendicectomias e cerca de 40% são achados acidentais. Associada à fatores como obstrução da luz, esterilidade do conteúdo e acúmulo de secreção do epitélio (AGRUSA, 2016).
Os achados histológicos mais associados a MA são hiperplasia mucinosa, adenoma mucinoso, neoplasia mucinosa e adenocarcinoma mucinoso. A apresentação clínica é inespecífica, desde assintomática até abdome agudo simulando apendicite aguda.
A seguir relatamos caso de neoplasia mucinosa de baixo grau de apêndice (NMBG), diagnosticada no intraoperatório de paciente com suspeita de apendicite aguda.
RELATO DE CASO
Feminino, 52 anos com queixa de dor abdominal em FID há 2 dias com sinais de peritonite e náuseas. Eliminações fisiológicas, negando febre. Leucometria dentro dos valores de referência. TC de abdome contrastada não caracteriza apêndice, apenas densificação da gordura pericecal e linfonodos proeminentes adjcentes com espessamento difuso da mucosa do ceco, cólon ascendente e terço distal do íleo terminal. Ao intraoperatório: tumoração cística em topografia cecal, liquido ascístico (seroso) e ausência de secreção purulenta. Procedida HCD com margens de segurança ileo-cólon anastomose à Barcelona.
À biopsia: NMBG de apêndice não invasora com perda de lâmina própria e muscular e fibrose da submucosa, analisados 13 linfonodos mesentéricos sem acometimento.
DISCUSSÃO
A OMS indica três categorias de neoplasias mucinosas: adenoma mucinoso, NMBG e adenocarcinoma apendicular. A diferenciação entre os dois primeiros consiste na violação da camada muscular pela dissecação de mucina na NMBG, como ilustra o caso a ser relatado (MISDRAJI, 2015).
Tumores mucinosos do apêndice apresentam alto risco de disseminação peritoneal, possuindo melhor prognóstico quando detectados precocemente. A presença de líquido ascítico pode ser indicativo de PMP (FEITOSA, 2017).
O tratamento cirúrgico e o diagnóstico pré-operatório auxiliam no planejamento de ressecção para evitar a contaminação peritoneal (pseudomixoma - PMP). A hemicolectomia direita (HCD), que consiste na secção do íleo terminal até o cólon transverso é realizada caso haja suspeita de malignidade no intraoperatório (LOUIS, 2017).
A apendicectomia é considerada tratamento adequado da neoplasia NMBG restrita ao apêndice. O comprometimento da margem proximal pela lesão pode indicar ressecção complementar cólon tal qual como no caso em tela (FONSECA, 2017). A necessidade de ampliação cirúrgica nestes casos é questionada na literatura, uma vez que frequentemente não se observa neoplasia residual nas ressecções do ceco bem como a biopsia deste caso, que também não identificou resíduos neoplásicos.
Discute-se quadro clínico com diversos diagnósticos diferenciais e alto valor preditivo para apendicite aguda. Chamamos atenção para um caso que, apesar de raro, levanta discussão importante sobre os processos malignos de apêndice e ceco, como importantes diagnósticos diferenciais da apendicite aguda.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
INSTITUTO HOSPITAL DE BASE DO DISTRITO FEDERAL - Distrito Federal - Brasil
Autores
Bruno Ceresa Carvalho, Gabriel Gonçalves Resende, Renata Gabriela De Morais Vargas, Eduardo Lenza Silva, Arthur Barroso Vidal Vilarinho, Iuri Fernando Coutinho e Silva, Natália Francis Gonçalves Farinha