Dados do Trabalho
TÍTULO
MANEJO CIRURGICO DA SINDROME DE MIRIZZI TIPO II
INTRODUÇÃO
A síndrome de Mirizzi é uma condição rara encontrada em 0,05 a 2,7% dos pacientes submetidos a colecistectomia. É mais comum no sexo feminino e acima dos 50 anos. Resulta na obstrução por cálculo do infundíbulo vesicular ou do ducto cístico causando compressão extrínseca do ducto hepático comum. O objetivo deste relato é apresentar o caso de um paciente portador de síndrome de Mirizzi tipo II e a conduta realizada.
RELATO DE CASO
Paciente M. M. A., sexo masculino, 40 anos, admitido no Hospital Regional de Araguaína com histórico de perda ponderal de 8 kg em três meses, febre, icterícia, colúria e acolia fecal e suspeita diagnostica anterior de hepatites viral. Ao exame: abdome indolor a palpação. Foram realizados exames subsidiários. Teste de hepatites: não reagente. Enzimas caniculares: Fosfatase Alcalina: 174 U/L e GGT: 189 U/L. Bilirrubina Total: 19,71 mg/dL; Bilirrubina direta: 16,28 mg/dL; Bilirrubina indireta: 3,43 mg/dL. Ultrassonografia de abdome total: coledocolitíase com sinais de obstrução das vias biliares. Colangiorressonância: cálculo medindo 16 mm nas porções distais do colédoco, determinando acentuada dilatação da via biliar a montante. Optou-se pela realização de papilotomia endoscópica via CPRE com identificação e retirada de cálculo único medindo aproximadamente 2 cm de diâmetro. O paciente foi submetido a incisão de Kocher. No intra-operatório foi evidenciada vesícula biliar com parede espessada e friável e vias biliares dilatadas com distorção anatômica. Além disso, observou-se à presença de fístula colecistobiliar, sendo classificada como Mirizzi tipo II. As estruturas foram isoladas e realizou-se colecistectomia com exploração das vias biliares e introdução do cateter de Kehr. A cavidade peritoneal foi drenada com dreno tubo laminar, localizado no espaço de Morrison. A dieta foi liberada no segundo dia de pós-operatório, com boa aceitação.
DISCUSSÃO
Atualmente a síndrome de Mirizzi é classificada em cinco tipos sendo de tipo II quando há presença de fistula colecistobiliar com erosão de diâmetro inferior a 1/3 do ducto hepático comum ou colédoco. Apenas 9% dos pacientes com essa condição são do sexo masculino. Os achados de icterícia, acolia fecal, colúria e febre estavam presentes, compatível com a literatura. Porém o paciente negava dor, sintoma sempre presente em outros relatos. Estudos anteriores evidenciaram a presença de coledocolitiase em 61,5% dos casos. A conduta terapêutica preferencial é a anastomose biliodigestiva que nesse caso não foi realizada, uma vez que, optou-se por CPRE com papilotomia ampla. O diagnóstico pré-operatório é o ideal, mas somente é feito em 50% dos casos não só pelo fato de que a apresentação clínica e laboratorial não ser específica, mas também, devido a essa ser uma causa rara de ictérica.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
UNITPAC - Tocantins - Brasil
Autores
Ana Júlia Ferreira Fernandes, Laís Rocha Brasil, Andressa Borges Brito, Éverton Pereira Dias Lopes, Vinícius Castro Barbosa Fonseca, Paulo Henrique Dias Moraes, José Arruda Silva, Rone Antônio Alves Abreu