Dados do Trabalho
TÍTULO
USO DA RADIOLOGIA INTERVENCIONISTA NO DIAGNOSTICO DIFERENCIAL DAS LESOES FOCAIS HEPATICAS: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
As lesões focais hepáticas (LHF) costumam ser encontradas como “incidentalomas” em exames de imagem de rotina. Diante desse tipo de achado, um dos objetivos da sua caracterização é distinguir lesões malignas de benignas, as quais tem conduta e prognóstico diferentes. As benignas incluem principalmente o Hemangioma, a Hiperplasia Nodular Focal (HNF) e o Adenoma. Estas representam 3 a 20% da incidência em adultos e crianças. As malignas, englobam o Carcinoma Hepatocelular e o Carcinoma Fibrolamelar (CFL). A incidência deste último varia de 1 a 5% e em destaque, possui características – tomográficas ou através de ressonância magnética (RM) – semelhantes a HNF. A evolução tecnológica dos exames de imagem tem permitido a detecção de lesões cada vez menores, porém pode haver dificuldade na caracterização e diferenciação. O ultrassom (US) geralmente é o método de primeira escolha para a avaliação das LFH devido ao seu baixo custo e disponibilidade. Contudo, sabe-se que este possui limitações devido à baixa sensibilidade e especificidade. Isto porque, ao US, as lesões benignas e malignas podem apresentar aparência semelhante. Sendo assim, o guideline do American College of Gastroenterology para diagnóstico e manejo de LHF, coloca a tomografia computadorizada (TC) e a RM como os métodos mais precisos para o diagnóstico destas lesões.
RELATO DE CASO
DMTW, 27 anos, feminino, amarela, farmacêutica, solteira, nulípara, sedentária e tabagista; em investigação de picos hipertensivos ocasionais, sem outros sintomas; foi encaminhada ao US de abdome para avaliar possível alteração renal como etiologia. No exame, um nódulo hepático foi encontrado incidentalmente. Consultou um cirurgião o qual solicitou TC para diferenciar a lesão e, frente ao laudo com suspeita de CFL foi proposta a hepatectomia parcial. Não segura, buscou uma segunda opinião, onde foi constatado que a história e a imagem não eram totalmente compatíveis com CFL. Por este motivo, foi submetida à RM com contraste hépato-específico (CH-E). O exame não desfez a hipótese de CFL e suspeitou de HNF não-típica. A orientação de prosseguir com a investigação foi cabível. À paciente foi proposto suspender o uso de anticoncepcional oral, mudança no estilo de vida e reavaliação em 3 meses. Após o período, foi submetida à nova RM com CH-E. Houve redução no tamanho da lesão, o que levou à suspeita de sobreposição da HNF com Adenoma. Prosseguindo, após 6 meses, foi submetida à biópsia guiada por US e após a avaliação histopatológica e imuno-histoquímica foi confirmada HNF. Recebeu orientações e segue em conduta expectante.
DISCUSSÃO
Observado o exposto confirma-se que as LHF são majoritariamente “incidentalomas”. Para o diagnóstico, o US é o método de primeira escolha, porém suas desvantagens na diferenciação das lesões fazem com que a TC e a RM com CH-E tenham papel de destaque. Contudo, em casos de exceção, a radiologia intervencionista mostra-se fundamental para o diagnóstico definitivo e a indicação ideal do tratamento.
Área
FÍGADO
Instituições
Universidade de Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil
Autores
Julia Posses Gentil, Isadora Ferreira Oliveira, Vinicius Magalhães Rodrigues Silva