Dados do Trabalho
TÍTULO
SÍNDROME DA ARTERIA MESENTERICA SUPERIOR: UMA CAUSA POSSIVEL DE ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO
INTRODUÇÃO
A Síndrome da Artéria Mesentérica Superior, cuja fisiopatologia está na redução da distância e do ângulo aorto-mesentéricos, resulta na compressão da terceira porção do duodeno. Constitui uma causa rara de obstrução intestinal alta e os principais fatores envolvidos são a significativa perda de peso e cirurgias da coluna.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 58 anos, cerca de 24 horas antes da admissão, iniciou quadro de vômitos persistentes, principalmente pós-prandiais, sem associação com febre ou diarreia. Apresentava-se com sinais de desidratação (mucosas secas e taquicardia) na avaliação inicial, recebendo hidratação endovenosa e anti-eméticos. Ao exame físico do abdome, sem distensão, cicatrizes cirúrgicas, massas ou dor à palpação. Ultrassonografia de abdome evidenciou somente distensão líquida e gasosa da câmera gástrica e de alças de delgado. Endoscopia Digestiva Alta, realizada no dia seguinte, não mostrou alterações até a segunda porção do duodeno. Na Tomografia Computadorizada de Abdome com contraste endovenoso, cerca de 48 horas após admissão, foi possível ver acentuada distensão gástrica e duodenal, até a 3ª porção deste, ao nível da artéria mesentérica superior, sendo evidenciada redução do ângulo aorto-mesentérico e da distância aorto-mesentérica, medindo 23º e 8mm, respectivamente. Tendo em vista a não melhora da sintomatologia inicial, o paciente foi submetido a laparotomia no 3º dia de internação, sendo confirmado o diagnóstico de síndrome da artéria mesentérica superior e realizada gastrojejunostomia a Billroth II. O paciente evoluiu nos primeiros dias pós-operatórios com gastroparesia, o que motivou introdução de nutrição parenteral até melhora dos sintomas. Recebeu alta no 14º dia pós-operatório, já em dieta oral plena e sem sinais de obstrução intestinal.
DISCUSSÃO
As manifestações clínicas da SAMS são de uma obstrução intestinal alta com apresentação aguda ou crônica. A dor abdominal e os vômitos pós-prandiais levam a incapacidade de se alimentar e a uma maior perda de peso, gerando um ciclo vicioso na doença. Condições como o refluxo, a esofagite e a gastrite também podem estar presentes no doente. A doença ulcerosa péptica, além de ser um diagnóstico diferencial da SAMS, é uma complicação importante. No caso em questão, a ausência de perda de peso ou outras condições predisponentes podem ter retardado o diagnóstico, definido através da TC de abdome com contraste. A EDA, apesar de não ajudar na elucidação da etiologia, permitiu descartar complicações da doença. O procedimento cirúrgico mais realizado no tratamento da SAMS é a duodenojejunostomia latero-lateral videolaparoscópica com taxa de sucesso de 96% na maioria das séries. A gastrojejunostomia, apesar de ter resultados inferiores na eliminação dos sintomas, foi o tratamento instituído com resolução do quadro obstrutivo.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
Hospital Regional Norte - Ceará - Brasil
Autores
Rafael Bernardo Silva, Diego Aragão Bezerra, Janiel Carvalho Ponte, Caio Placido Costa Arcanjo, Thais Vasconcelos, Erika Silva Spessirits