Dados do Trabalho


TÍTULO

HERNIA DE AMYAND DIAGNOSTICADA NA ULTRASSONOGRAFIA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A hérnia de Amyand é a presença do apêndice cecal contido no interior do saco herniário de uma hérnia inguinal. Sua apresentação clínica pode envolver dor, abaulamento e sensibilidade cutânea aumentada na região inguinal até sinais de irritação peritoneal, a depender do estágio de evolução em que se encontra a doença.
A hérnia de Amyand foi inicialmente descrita em 1786 por Claudius Amyand, considerada a primeira abordagem cirúrgica de apendicite descrita. Desde então, o acrônimo foi reservado às situações em que o apêndice cecal se encontrava no saco herniário inguinal.
Trata-se de um evento raro, envolvendo cerca de 1% de todas as hérnias de parede abdominal, enquanto que a apendicite está associada com hérnia em cerca de 0,13 a 0,07%.

RELATO DE CASO

Paciente aposentado, de 73 anos foi ao pronto-atendimento referindo dor abdominal há 5 dias, com intensificação há 2 dias. A dor se localizou em região inguinal direita. Nega disúria, náuseas, vômito, febre ou alterações gastrointestinais.
Ao exame físico, apresentava abdome flácido, doloroso em região inguinal direita, com leve hiperemia e calor locais. Testículo direito com epidídimo espessado, doloroso à palpação. Na avaliação laboratorial, apresentava discreta leucocitose e elevação das provas de atividade inflamatória. Realizada USG de bolsa testicular que evidenciou hérnia inguinoescrotal encarcerada contendo gordura mesentérica e segmento de alça intestinal, sugestiva de apêndice vermiforme (hérnia de Amyand).
O paciente foi encaminhado ao centro cirúrgico, onde foi submetido a inguinotomia à direita, com identificação de hérnia inguinal interna com saco herniário que descia para a bolsa testicular. Em seu interior, foi identificado o apêndice cecal edemaciado, eritematoso, com fibrina em porção distal, sem sinais de perfuração, com base íntegra.
Foi realizada a apendicectomia, seguida da herniorrafia à Bassini, com fio Prolene 0, em chuleio contínuo.
O paciente evoluiu bem no pós-operatório (P.O.), recebendo alta hospitalar no 5º dia de P.O. Retornou ao ambulatório de Cirurgia Geral no 12º P.O., referindo bom controle álgico, aceitação alimentar, bem como retorno gradual às suas atividades cotidianas. Ferida operatória com boa cicatrização, sem sinais flogísticos ou drenagem de secreções.

DISCUSSÃO

A hérnia de Amyand é uma doença de apresentação clínica variável e ocorrência rara, mas conta com algumas séries históricas que discutiram a sua incidência, taxas de mortalidade, epidemiologia, bem como abordagem terapêutica. Percebeu-se, por exemplo, que até 94% dos pacientes são do sexo masculino e tem uma média de idade de 42 anos.
No caso em questão, foi realizada a apendicectomia via inguinotomia, bem como a herniorrafia à Bassini, minimizando os riscos de infecção cirúrgica por colocação de tela numa cirurgia contaminada.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Hospital das Forças Armadas - Distrito Federal - Brasil

Autores

GUILHERME MENEZES DE ANDRADE FILHO GUILHERME MENEZES GUILHERME MENEZES, Carine Avello de Matos Avello Avello de Matos, Winne Noleto Martins Noleto Noleto Martins, Wendel dos Santos Furtado Santosw dos Santos Furtado, João Marcos Monteiro Ramos Monteiro Monteiro Ramos, José Miguel da Silva Maciel Júnior Maciel da Silva Maciel Júnior, Phylipe Augusto Oliveira Augusto Oliveira