TÍTULO

ADENOCARCINOMA MUCINOSO BILATERAL DE OVARIO: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O câncer de ovário corresponde a menos de 2% dos cânceres ginecológicos, porém é a primeira causa de morte por câncer ginecológico em mulheres. O adenocarcinoma mucinoso é responsável por cerca de 5 a 10% dos casos de neoplasias malignas de ovário e comumente é diagnosticado em estadios precoces, na contramão dos outros tipos histológicos com foco primário em ovário. A disseminação dos tumores de ovário ocorre principalmente por esfoliação, com liberação de células malignas na cavidade peritoneal, as quais podem se implantar em qualquer parte do abdome.

RELATO DE CASO

Paciente do sexo feminino, 62 anos, consciente, orientada, deambulando, normocorada, hidratada, com fala preservada, pele e mucosas íntegras foi submetida à laparotomia exploradora no Hospital Regional de Samambaia (DF). Durante o procedimento encontrou-se grande tumoração em ambos os ovários, bastante quantidade de muco espesso de aspecto gelatinoso, além de ascite. Foram visualizados implantes tumorais na cavidade e na superfície dos órgãos abdominais, com sinais de carcinomatose peritoneal. Realizou-se histerectomia total e anexectomia bilateral. Após 3 dias do procedimento, a paciente recebeu alta hospitalar. Exame histopatológico confirmou o diagnóstico de adenocarcinoma mucinoso bilateral de ovário, de grau histológico bem diferenciado (G1), com acometimento de corpo uterino e tubas uterinas, sem evidência de invasão angiolinfática. A análise de líquido ascítico apontou malignidade compatível com metástase de tumor papilar. A paciente foi encaminhada para seguimento ambulatorial em ginecologia oncológica, onde será avaliada a necessidade de laparotomia de second look.

DISCUSSÃO

O tratamento do câncer de ovário é realizado por meio de cirurgia e quimioterapia. Além de fazer parte do tratamento, a cirurgia é fundamental para o diagnóstico e permite estabelecer o estadiamento da paciente. O tratamento cirúrgico consiste na realização de salpingooforectomia bilateral, histerectomia total, excisão de linfonodos paraórticos e pélvicos suspeitos, omentectomia infracólica, ressecção de implantes macroscópicos e múltiplas biópsias em pelve, peritônio e cápsula de Glisson. Este procedimento permite que seja feito o estadiamento da neoplasia, e assim, acompanhar adequadamente a paciente e tomar conhecimento do prognóstico. A paciente deste caso encontra-se no estadio IIc (tumor com extensão e/ou metástases para o útero e/ou trompa, e ascite com células malignas presentes). É menos comum no momento do diagnóstico de adenocarcinoma mucinoso de ovário a paciente se encontrar em estadios acima do I, o que ocorre em apenas 17% dos casos deste tipo histológico. Outro fato incomum é o acometimento de ambos os ovários, o que ocorre em 20% dos casos de adenocarcinoma mucinoso de ovário. A taxa de sobrevida em 5 anos para este estadio e tipo histológico é de aproximadamente 80%, chegando a 18% em estadios mais avançados.