Dados do Trabalho


TÍTULO

CANCER DA CARDIA CONFORME A NOVA CLASSIFICAÇAO DA AJCC (TNM) DE 2016: SEGUIMENTO ONCOLOGICO DE 10 ANOS

OBJETIVO

A incidência do Câncer da Cárdia vem aumentando no mundo. No Brasil, o envelhecimento populacional e a obesidade estão associados ao aumento da incidência do câncer da Cárdia. O objetivo do trabalho foi avaliar as modificações do novo TNM e comparar os padrões epidemiológicos, clínicos e patológicos entre tumores da cárdia e não cárdia, por um período de 10 anos.

MÉTODO

Foram estudados retrospectivamente 841 casos de adenocarcinomas gástricos com comprometimento do esôfago distal, cárdia ou do estômago proximal versus tumores não cárdicos, operados eletivamente no Hospital do Câncer I, INCA, no período de Janeiro de 1997 a dezembro de 2006, sendo seguidos por 10 anos. Foram avaliados os casos conforme sua epidemiologia, clínica, cirurgia, anatomia patológica e sobrevida, formando 02 grupos: Grupo 1, Câncer da Cárdia/Proximal (G1) e Grupo 2, Câncer não Cárdia (G2).

RESULTADOS

A média de idade global foi de 60 ±12, variando de 21 a 88 anos, com predomínio do sexo masculino, apresentando 487 (57,9%) casos. No Grupo 1, a média de idade foi de 60,6±12 anos e no Grupo 2 de 59,6±13 anos (p=0,35). Houve predomínio do sexo masculino no G1 (p=0,000). A taxa de ressecabilidade global foi de 93% e não houve diferença entre os grupos. A taxa global de complicação pós-operatória foi de 35%, no G1 de 32,1% e no G2 de 17,4% (p=0,000), todavia não houve diferença na taxa de mortalidade entre os grupos (p=0,33). No estagiamento AJCC 2016 foram encontrados no Estágio IA 137 (20,6%), IB 59 (7%), IIA 24 (2,9%), IIB 111 (13,2%), IIIA 178 (21,2%), IIIB 9 (1,1%) e IIIC 150 (17,8%) e IV 173 (20,6%) pacientes. A sobrevida global em 5 anos foi de 52% e em 10 anos de 42%. A taxa de ressecabilidade total foi de 68,5%. A estimativa global de sobrevida em 5 anos foi de 38% e em 10 anos de 31%. A taxa de recidiva foi de 55,8%. Houve perda de 11% dos casos no seguimento em 10 anos. Em todos os estágios, a expectativa de sobrevida foi menor nos doentes portadores de câncer proximal (p=0,000), associado a maior taxa de recidiva.

CONCLUSÕES

As mudanças conceituais do novo TNM mostram o valor da definição prognóstica dos tumores proximais do estômago. O seguimento oncológico de 5 e 10 anos evidenciou que doentes com cânceres proximais e da cárdia apresentam pior prognóstico e estágios mais avançados da doença quando comparados com os demais adenocarcinomas gástricos.

Área

ESTÔMAGO E DUODENO

Instituições

INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

RAQUEL RAMOS WOODTLI, RUBENS KESLEY, RACHEL VERDAN DIB, FLÁVIO SABINO, ANDRÉ MACIEL, ODILON SOUZA FILHO, JOSÉ HUMBERTO SIMÕES CORREA, EDUARDO LINHARES RIELLO DE MELLO