Dados do Trabalho
TÍTULO
TRAUMA DUODENAL NA INFANCIA
INTRODUÇÃO
Traumas em geral são a principal causa de morbimortalidade na população pediátrica. Em se tratando de trauma duodenal, a etiologia contusa é a mais prevalente. Apesar da localização retroperitoneal de grande parte do duodeno se comportar como fator protetivo, é responsável pela dificuldade em um diagnóstico precoce. Ademais, apresenta sintomatologia em fase tardia, elevando taxas de morbimortalidade.
A sintomatologia é inespecífica e inclui náuseas, vômitos e dor abdominal. O exame padrão ouro para diagnóstico é a Tomografia Computadorizada (TC) de abdome com contraste, por permitir análise das estruturas que circundam o duodeno. É importante salientar que a lesão duodenal de forma isolada é um achado raro.
RELATO DE CASO
CASO 1 M.S.O, feminino, dois anos, sofreu trauma abdominal contuso por queda de fogão. Foi admitida com episódios de vômitos, sonolenta, taquicárdica, taquipneica, com abdome em tábua sem hematomas e doloroso à palpação superficial. A TC de abdome com contraste evidenciou hematoma subcapsular hepático, pneumoretroperitônio (sugerindo lesão duodenal retroperitoneal) e moderada quantidade de líquido livre. Após piora clínica, realizou-se laparotomia exploradora (LE), na qual visualizou-se lesão de 75% da 2ª porção duodenal, com papila visível e íntegra, e líquido sanguinolento de aspecto bilioso entre alças. Foi realizada papilotomia e cateterização da via biliar, colecistectomia, duodenorrafia e duodenostomia em parede posterior.
CASO 2 A.M.M, feminino, dois anos, admitida com dor abdominal, vômitos persistentes, hematoma em dorso sugestivo de trauma e amilase sérica alterada. A TC de abdome com contraste evidenciou espessamento de parede abdominal, líquido livre na cavidade e derrame pleural compatíveis com pancreatite leve e trauma recente. Foi indicada LE que evidenciou lesão de duodeno entre 2ª e 3ª porção, realizando-se duodenorrafia. No 3º dia pós-operatório, evoluiu com piora clínica. Nova TC evidenciou grande quantidade de líquido livre na cavidade. Foi submetida à nova LE, com visualização de deiscência na 4ª porção duodenal e ângulo de Treitz. Realizou-se duodenectomia de 2ª à 4ª porções e duodenojejuno anastomose término-lateral.
DISCUSSÃO
A lesão duodenal isolada não é indicador de cirurgia. A abordagem cirúrgica é considerada na presença de lesões associadas e/ou complicações, ou em pacientes refratários à terapia clínica. Nos casos de indicação cirúrgica, o intuito é reestabelecer uma drenagem gástrica e duodenal satisfatórias, além de garantir o suporte nutricional. Entre as técnicas utilizadas, destacam-se a sutura primária, exclusão pilórica e duodenectomia.
Em ambos os casos, pode-se inferir a necessidade de terapia cirúrgica, dada gravidade das lesões e acometimento de órgãos adjacentes. Apesar das diferentes lesões e posteriores abordagens, ambos casos apresentaram como conduta principal a duodenorrafia primária, procedimento que apresenta menores taxas de morbimortalidade. Pacientes seguem internadas, apresentando boa evolução.
Área
CIRURGIA PEDIÁTRICA
Instituições
Uniceplac - Distrito Federal - Brasil
Autores
Gabriel Martins Araújo, Lucas do Valle Ciccozzi, Júlia Saliba Santos Avelans, Ana Paula da Cunha Panis, Ana Carolina Hatsuia Ferreira, Júlia Crystina de Carvalho Alves de Faria, Marcus Antonio Studart da Cunha Frota, Acimar Gonçalves da Cunha Júnior