Dados do Trabalho
TÍTULO
ENDOMETRIOSE URETERAL: MANEJO CIRURGICO
INTRODUÇÃO
A endometriose é caracterizada pela presença de tecido endometrial além dos limites do útero. No Brasil, sua prevalência é de 10 a 15% na população feminina fértil e até 50% das mulheres inférteis. Comumente, a endometriose afeta órgãos pélvicos, como ovários e, raramente, ureteres. Sua apresentação dá-se por uma doença ginecológica comum, benigna, crônica e estrogênio dependente com fisiopatologia ainda controversa.
Dentre suas configurações, a forma profunda infiltrativa (EPI) da moléstia corresponde à lesões que infundem a superfície peritoneal em mais de 5mm, podendo acometer órgãos adjacentes. Para determinar a localidade são necessários exames complementares que incluem RNM, laparoscopia, ureteroscopia e cistoscopia.
A abordagem terapêutica varia de acordo com a queixa da paciente e envolve: cirurgia, terapia de supressão ovariana ou a associação de ambas. Quando a dor pélvica é apresentada, o uso de anticoncepcionais orais é indicado podendo ser associado à análogos do GnRH. Caso os exames de imagem sejam sugestivos de endometrioma maior que 3cm ou suspeita de aderências, a cirurgia é designada.
RELATO DE CASO
Paciente feminino, 36 anos, nulípara, assintomática, sem outras comorbidades foi submetida a US de rotina que evidenciou suspeita de endometriose. À RM de abdome total, rins e vias urinárias apresentou alterações fibrocicatriciais crônicas pélvicas acometendo o ureter distal esquerdo com endometriose profunda determinando estenose focal (30mm) e, consequente, dilatação. Ademais, a cintilografia renal evidenciou rim esquerdo com função tubular reduzida e sinal de dilatação pielocalcinal. O manejo será através de ureteroscopia com biópsia e, posteriormente, laparoscopia para retirada dos endometriomas, excisão da região distal do ureter esquerdo com colocação de duplo J e reimplante vesicoureteral.
DISCUSSÃO
A EPI corre em menos de um terço das mulheres que possuem endometriose sendo que apenas 0,08-6% delas possuem a localização ureteral da doença. No presente caso, a paciente obteve um diagnóstico tardio de um acometimento raro mas que cursou com achados comuns como a unilateralidade.
Sua apresentação clínica é variável e pode incluir tanto sintomas como dismenorreia, dispareunia, dor pélvica crônica quanto nenhum sintoma. Dentre o exames não invasivos opcionais para pesquisa, a RM apresenta-se com maior acuidade diagnóstica. Contudo, casos de endometriose ureteral determinam a realização de ureteroscopia para definição de acometimento podendo ser extraluminal, presente em 80% dos casos, ou intraluminal, atingindo os outros 20% de mulheres relatadas.
Casos como esse, em especial por sua raridade e complexidade, exigem uma equipe multidisciplinar (incluindo urologista, proctologista e ginecologista). A remoção radical da lesão ureteral e reimplante uretero-vesical por videolaparoscopia é indicada por sua efetividade, menor morbidade, curto tempo de internação, intensidade diminuída de dor pós-operatória e chances diminuídas de recidiva e fibrose.
Área
UROLOGIA
Instituições
UNICEPLAC - Distrito Federal - Brasil
Autores
Bianca Haj Barbosa Santos, Isac César Roldão Leite, Rebeca Marques Margoto, Rafael Schalcher Martins Silva, Julia Crystina Carvalho Alves Faria, Marcelo Alencar Fonseca, Mario Sales Neves Carmo Filho, Bruno Vilalva Mestrinho