Dados do Trabalho


TÍTULO

GANGRENA PENIANA: RELATO DE CASO INCOMUM

INTRODUÇÃO

A Gangrena Peniana (GP) é um evento raro, que acomete em torno de 2% da população masculina, frequentemente associado a infecções generalizadas e acometimentos circulatórios. Possui também correlação com aterosclerose, diabetes mellitus, calcificação vascular, doenças renais e uso excessivo de varfarina em pacientes trombocitopenicos. Apesar de não frequente, apresenta elevadas taxas de mortalidade quando presente (40-67%) pois seu algoritmo de tratamento é controverso devido o limitado relato de casos.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, idoso, negro, morador de rua, diabético sem tratamento, foi admitido pela equipe de emergência com rebaixamento do nível de consciência, calafrios, febre, desidratado e com indícios de alcoolismo. Ao exame físico, apresentava linfonodos inguinais superficiais e profundos palpáveis, emagrecimento e higiene precária. Exibia lesão necrótica extensa em todo o pênis, predominando na região médio-distal, atingindo também fáscia albugínea e corpo cavernoso, de cor enegrecida, fétida e seca - não purulenta. Após hidratação e antibioticoterapia de amplo espectro, foi encaminhado à urologia que realizou desbridamento, cistostomia e penectomia médio-distal. Após 48 horas, nova abordagem para avaliação de tecidos adjacentes. Encaminhado para UTI, manteve níveis glicêmicos elevados mesmo com drogas anti diabetogenicas e sinais de sepse. Faleceu no 5º DPO.

DISCUSSÃO

A GP é um processo irreversível que deve levar em consideração a etiologia para estabelecer a melhor abordagem visto que não possui consenso terapêutico bem estabelecido. No presente caso, o paciente apresentava fatores predisponentes que, unidos ao baixo nível de higiene pessoal, contribuíram para o desenvolvimento do processo necrótico. Em casos como esse, angiografia é de grande valia na avaliação dos vasos sanguíneos para determinar obstruções e orientar as decisões terapêuticas. Quando relacionada a processos isquêmicos, a resolução indicada é a penectomia parcial precoce, que contribui para não liquefação da ferida e preservação de áreas não afetadas, como realizado. Outra forma de tratar casos isquêmicos é através de by-pass entre a artéria femoral comum e a veia dorsal do pênis. Esse manejo pode ser utilizado para facilitar o fluxo retrógrado do corpo esponjoso, descomprimindo-o e resultando em alívio imediato e restauração da circulação normal. Ademais, a reconstrução peniana pode ser realizada com a transferência radial de retalhos do antebraço apesar de novos testes estarem disponíveis através de granuloplastia utilizando politetrafluoretileno expandido. Novas técnicas vem surgindo ao longo do tempo e se mostrando promissoras, mas a prevenção ainda se mostra o mais importante cuidado contra o desenvolvimento de GP.
Mesmo com bom planejamento e abordagem multiprofissional, o paciente em questão apresentou um caso atípico com diversas complicações associadas que levaram ao óbito no 5º DPO.

Área

UROLOGIA

Instituições

UniCEPLAC - Distrito Federal - Brasil

Autores

Bianca Haj Barbos Santos, Isac César Roldão Leite, Rebeca Marques Margoto, Júlia Crystina Carvalho Alves Faria, Marcelo Alencar Fonseca, Guilherme Ramos Leite, Mario Sales Neves Carmo Filho, Bruno Vilalva Mestrinho