Dados do Trabalho


TÍTULO

TUMOR URETERAL: RELATO DE UM CASO SECUNDARIO

INTRODUÇÃO

Os diversos tipos de cânceres de vias excretoras -de revestimento urotelial- comportam-se de forma semelhante, havendo pouca distinção no acometimento ou não de cálices e pelve renais ou ureteres. Dentre eles, apenas 5% são ureterais apresentando incidência de 2/100.000 casos/ano.
Apesar de possuir homologia com os tumores uroteliais da bexiga, o tumor ureteral possui características que o tornam um desafio no diagnóstico precoce e terapêutico, pois apresenta alto polimorfismo genético, tornando o hospedeiro mais suscetível às mudanças ambientais e comportamentais. Tal fato contribui para o desenvolvimento de tumores com diferentes níveis de agressividade e comportamento. Comumente são unilaterais (95-99%) e, raramente, metacrônicos (1-3%). Sua incidência é maior em homens de 50-70 anos, brancos e tabagistas - principal fator de risco.
Os casos secundários são considerados raros e tem como principais focos os tumores de mama, estômago e colorretal.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 49 anos, com histórico de carcinoma espinocelular de colo uterino tratado por quimioterapia – base de cisplatina – associada a radioterapia há 2 anos deu entrada no PS com uremia. A tomografia evidenciou ureterohidronefose bilateral, maior à esquerda, com suspeita de exclusão renal. Foi realizada nefrectomia total à esquerda e a análise anatomopatológica demonstrou presença de neoplasia. A análise himuno-histoquímica foi solicitada para definição etiológica e posterior propedêutica.

DISCUSSÃO

A quimioterapia sistêmica a base de cisplatina determina o padrão ouro na primeira linha de tratamento de carcinomas uroteliais. No presente caso, a paciente havia realizado tal propedêutica com o CA de colo uterino, sendo encaminhada à nefrectomia.
A utilização de exames por imagem foi relevante para a confirmação diagnóstica do CA ureteral, sendo o padrão ouro a urotomografia, um exame de grande acurácia quando já houver infiltração maciça. Contudo, a ureteroscopia flexível traz como comodidade a exploração macroscópica, obtenção de material para biopsia, determinação do grau do tumor em 90% dos casos e também possui baixas taxas de falso-negativos. Um terceiro exame de escolha é a cistoscopia que tem como fator a exclusão de possíveis casos de carcinoma in situ da bexiga ou uretra prostática.
Tanto a nefrectomia quanto a ureterectomia segmentar podem ser realizadas. A avaliação médica é de suma importância para determinar a abordagem cirúrgica de acordo com o acometimento tumoral.
A paciente em questão teve seu diagnóstico de tumor secundário realizado por laudo anátomo patológico que apresentou carcinoma de padrão sólido com extensas áreas de diferenciação escamosa, sendo identificado como foco primário o CA de colo uterino. Foi abordada por equipe multidisciplinar (urologia e oncologia) e após tratamento clínico-cirúrgico obteve redução dos escores urêmicos da admissão e melhora clínica significativa.

Área

UROLOGIA

Instituições

UniCEPLAC - Distrito Federal - Brasil

Autores

Bruno Vilalva Mestrinho, Bianca Haj Barbosa Santos, Isac César Roldão Leite, Rebeca Marques Margoto, Rafael Schalcher Martins Silva, Guilherme Ramos Leite