Dados do Trabalho
TÍTULO
RESSECÇAO DE BOCIOS MERGULHANTES - EXPERIENCIA DE 166 CASOS
OBJETIVO
Avaliar os resultados cirúrgicos, características demográficas e clínicas, histopatologia, taxa de malignidade e complicações de 166 pacientes submetidos à tireoidectomia por bócio mergulhante.
MÉTODO
Foi realizado um estudo retrospectivo analítico de coorte para análise do tratamento cirúrgico e seus resultados em pacientes com bócio mergulhante. O levantamento de dados foi realizado retrospectivamente nos registros médicos do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle (HUGG) e no consultório da clínica privada do autor. Foram considerados elegíveis os casos de bócio mergulhante definidos pela impossibilidade de palpação do limite inferior da tireoide ocasionada pela penetração da mesma no estreito torácico superior, associada à observação de tamanho lobar igual ou maior que seis centímetros em exame de imagem, corroborada posteriormente pela histopatologia. O teste qui-quadrado foi utilizado para comparar grupos quanto às variáveis.
RESULTADOS
Dos 166 pacientes avaliados, 82,5% eram do sexo feminino, 54,8% afrodescendentes e a idade média foi de 52,3 anos. 160 pacientes possuíam sintomas, sendo 94% queixas respiratórias e 68,1% digestivas. Na rotina pré-operatória a USG foi realizada em 96,4% dos pacientes, a TC em 36,7% e a cintilografia em 11,8%.
Com relação à via de acesso, em 11 pacientes (6,6%) a cirurgia teve de ser estendida ou exclusiva ao tórax (6,6%) predominando a esternotomia total (72,7%). Em 155 pacientes (93,4%) realizou-se a tireoidectomia total e em 9 pacientes (5,4%) a tireoidectomia parcial . O tempo médio de cirurgia em horas foi de 1:35:00 e o tempo médio de internação hospitalar 2,13 dias.
Dos 70 pacientes (43,2%) que manifestaram alguma complicação, 34 apresentaram algum grau de disfonia, 24 pigarro e 21 sinais clínicos de hipoparatireoidismo. Evolutivamente, 47% dos sintomas precoces se revelaram transitórios e em 36 pacientes os sintomas se mantiveram. Não houve diferença significativa em relação a presença ou não de malignidade nos pacientes com complicações tardias.
No estudo histopatológico, os bócios benignos apresentaram maior peso e volume. 145 casos revelaram-se benignos e 21 malignos. Dos diagnósticos benignos, o bócio multinodular atóxico predominou (82,1%), e dos malignos prevaleceu o carcinoma papilífero diferenciado (56,6%). Tireoidite de Hashimoto foi a alteração glandular associada mais encontrada (13,3%).
CONCLUSÕES
Os bócios mergulhantes foram mais frequentes no sexo feminino e predominaram sintomas respiratórios. A tomografia computadorizada é fundamental para o diagnóstico dos bócios mergulhantes objetivando programação de toracotomia associada. Não foi identificada relação entre a técnica empregada e a morbidade pós-operatória. A malignidade foi superior à relatada na literatura e não foi identificada relação com o tamanho glandular. As queixas vocais mantidas pós-tireoidectomias e danos axonais crônicos dos nervos laríngeos são frequentes em pacientes tireoidectomizados, porém não se associam as variáveis estudadas.
Área
CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UNIRIO - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Rossano K A FIORELLI, Maria Ribeiro Santos MORARD, STENIO K A FIORELLI, CAMILA R ALMEIDA, THIAGO SCHARTH MONTENEGRO, Pedro Eder PORTARI FILHO, Agostinho Manuel da Silva ASCENÇÃO, Pietro NOVELLINO