Dados do Trabalho
TÍTULO
MANEJO DESAFIADOR E ACHADO ATIPICO DE UMA OBSTRUÇAO INTESTINAL POS APENDICECTOMIA
INTRODUÇÃO
As obstruções do intestino delgado geralmente são provocadas por tecido cicatricial, hérnia ou câncer. Sabe-se que o intestino frequentemente forma aderências após a manipulação cirúrgica e a obstrução intestinal provocada por estas pode ocorrer com algumas semanas e até vários anos após uma cirurgia, sem qualquer fator causal óbvio. O presente estudo tem como objetivo relatar a dificuldade de manejo clínico bem como apresentar um achado atípico no intra-operatório de um paciente com obstrução intestinal pós-apendicectomia.
RELATO DE CASO
I.G.L., 22 anos, sexo masculino, com história de cirurgia prévia de apendicectomia há 4 meses, fase IV. Retorna ao hospital com quadro de dor abdominal constante associado a vários episódios de vômitos, diarreia explosiva, porém sem febre e sem alterações urinárias. Ao exame físico apresentava abdome flácido, sem sinais de irritação peritoneal. Exames laboratoriais evidenciavam leucocitose com 15.400 leucócitos. Realizou radiografia para abdome agudo, porém sem sinais característicos de obstrução. Foi optado pelo manejo clínico por oito dias, com o uso de sintomáticos, jejum, hidratação venosa e colocação de SNG desobstrutiva com débito aproximado de 50 ml/ 24 horas. Entretanto, não houve melhora com o tratamento clinico administrado, sendo que após este período o paciente evoluiu com piora do estado geral, com quadro de oclusão intestinal, sem liberação de flatos e fezes há quatro dias. Ao exame físico, abdome plano, tenso, distendido, peristalse de luta, doloroso difusamente a palpação, sem sinais de peritonite. A TC de abdome total, com diagnóstico sugestivo de brida em ileoterminal, sendo indicado tratamento cirúrgico para o paciente. No intra-operatório foi localizado presença de moderada quantidade de líquido de aspecto turvo difusamente, presença de aderências frouxas em delgado e bloqueio de alças em mesogastro e em fossa ilíaca direita. Além disso, o paciente apresentava lesão em íleo terminal com exposição de aproximadamente 80% da luz, sem presença de isquemia. Havia ainda pequena contaminação da cavidade, devido bloqueio e presença de hérnia interna. Foi realizada a ressecção de aproximadamente 10 cm do íleo terminal e do cólon ascendente à 5 cm da veia cava inferior, lavagem exaustiva da cavidade e confecção de ileostomia em fístula mucosa em quadrante superior direito. Paciente evoluiu sem complicações tendo recebido alta hospitalar sete dias após a intervenção cirúrgica.
DISCUSSÃO
Trata-se de um achado incomum no intra-operatório da obstrução intestinal a presença da lesão em íleo terminal com exposição de aproximadamente 80% da luz, sem presença de isquemia. Sabe-se que as obstruções do intestino delgado geralmente são provocadas por tecido cicatricial, hérnia ou câncer. Em relação ao manejo, sabe-se que este baseia-se fortemente no julgamento do cirurgião, incluindo decisões sobre quanto tempo tentar o tratamento conservador e se deve ou não usar uma abordagem cirúrgica.
Área
URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS
Instituições
Hospital Regional do Gama - Distrito Federal - Brasil
Autores
Mario Sales Neves Carmo Filho, Fernanda Araújo Sá Teles, Maria Carolina Oliveira, Brener Rafael Nascimento, Ronan Reginatto, Katherine Hodara Cristino Viana, Simone Godoy Moreira Santos