Dados do Trabalho
TÍTULO
GASTROSQUISE A ESQUERDA: UMA RARIDADE
INTRODUÇÃO
A gastrosquise é uma malformação congênita incomum da parede anterior do abdome devido fechamento incompleto das dobras laterais, com herniação de vísceras. Sua patogênese ainda é pouco clara. Em sua grande maioria, a localização é à direita do cordão umbilical. Todavia, quando se localiza à esquerda, é considerada rara e são descritos cerca de somente 20 casos em literatura (SCHIERS, et al, 2018).
DESCRIÇÃO DO VÍDEO
Observa-se um parto cesáreo empelicado, cujo recém-nascido (RN) de mãe de 16 anos, sexo feminino, apresentava exteriorização do estômago, alças do intestino delgado, grosso, tuba uterina, ovário e bexiga. Recebido pela cirurgia pediátrica, após ligadura do cordão umbilical, envolvido em saco plástico estéril, levado à sala ao lado, com campos estéreis e berço aquecido, realizado venóclise, intubação orotraqueal e anestesia geral. Retirado o saco plástico, verificou-se alteração para umbilical à esquerda, caracterizando uma gastrosquise rara. Aliada à dilatação do orifício umbilical, foram reduzidos o intestino delgado, grosso, bexiga após compressão, tuba e ovário. O fechamento do orifício foi realizado circunferencial em torno do cordão com Vycril 4-0. RN foi considerado à termo (37-38 semanas), 2.670 kg, 44 cm, Apgar 9/9.
CONCLUSÃO
Para Ortega Garcia (2013), o principal fator de risco para gastrosquise é a idade materna jovem, com a maioria dos bebês nascidos com gastrosquise de mães adolescentes até vinte anos e em sua primeira gravidez, como no caso em questão. A gastrosquise à esquerda é mais comum em mulheres e está associada a uma alta incidência de anomalias extra intestinais (SUVER, 2008). Embora pertencente ao sexo feminino, nenhuma anomalia extraintestinal foi detectada no RN. As complicações das reintervenções realizadas tanto para o fechamento secundário como após o fechamento primário (aumento da pressão abdominal) e a sepse estão associadas com altas taxas de mortalidade (CALCAGNOTTO et al., 2013). A conduta pediátrica, no caso em questão, seguiu os protocolos para sepse, utilizando antibioticoterapia recomendada e a correção primária, não havendo nenhuma das complicações comumente registradas (sepse neonatal, aumento da pressão abdominal ou danos intestinais). Destaca-se ainda a importância do uso saco plástico estéril imediatamente após o nascimento, evitando a perda de umidade e reduzindo o risco de infecção e sepse, o que corrobora o excelente prognóstico no pós-operatório, mas ainda é pouco citado na literatura. Chama- se atenção também para a técnica de fechamento do orifício da gastrosquise de forma circunferencial em torno do umbigo, o que conflui em uma única cicatriz umbilical, sem o estigma da sutura transversal ao lado do umbigo comumente empregada.
Área
CIRURGIA PEDIÁTRICA
Instituições
Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Minas Gerais - Brasil
Autores
Cecília Salazar Ulacia, Adriana Cartafina Perez-Bóscollo