Dados do Trabalho


TÍTULO

DISTOPIA UTERINA INCOMUM POS-CIRURGIA DE TRAUMA: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As complicações da laparotomia emergencial como abordagem única na cirurgia do trauma ainda não foram suficientemente investigadas. No entanto, as evidências existentes apontam obstrução do intestino delgado, hérnia incisional e infecção como suas complicações mais comuns, como também que o órgão do trato geniturinário mais acometido nas cirurgias pélvicas e vaginais é a bexiga. Apesar da constante subestimação dessas lesões no trato geniturinário inferior, seu diagnóstico e seu manejo adequados são importantes para evitar aumento da morbimortalidade. Este artigo apresenta um caso raro de mudança iatrogênica de posicionamento envolvendo útero e bexiga, como complicação da cirurgia do trauma.

RELATO DE CASO

M.R.A.G, 16 anos, sexo feminino, queixando-se de dor pélvica crônica intensa desde a menarca, sem alteração de fluxo menstrual, associada a isolamento social decorrente de constante exalação de odor fétido genital. Possui histórico de laparotomia exploratória aos 2 anos por trauma automobilístico. Ao exame físico do aparelho genital, não se evidenciou alteração à inspeção. Prosseguiu-se a propedêutica diagnóstica pelos exames complementares, pois negava início da atividade sexual. A ultrassonografia pélvica transabdominal apresentou resultado inconclusivo, necessitando de complementação pela ressonância magnética da pelve, suscitando imagem sugestiva de hematométria e hematocolpo decorrentes de estenose vaginal. Foi submetida à vaginoscopia diagnóstica com histeroscópio, apresentando abaulamento de parede vaginal anterior e vagina de 5 cm em fundo cego. Optou-se por sondagem vesical, a fim de diminuir o abaulamento de parede vaginal anterior, identificando-se hematúria no coletor. No mesmo tempo cirúrgico realizou-se cistoscopia, onde a bexiga apresentava distensão com conteúdo hemático e paredes trabeculadas. Além disso, identificou-se, em fundo vesical, estrutura semelhante à ectocérvice uterina, esta foi cateterizada para radioscopia, confirmando tratar-se do colo uterino. Em abordagem subsequente, procedeu-se uma cistostomia com recanalização vaginal, fixação uterina em sua posição anatômica e cistorrafia com interposição de omento maior entre bexiga e útero. Concluiu-se o procedimento com introdução de molde vaginal e sonda vesical de demora tipo Foley. Retirou-se a sonda após 15 dias e progrediu-se, gradativamente, o aumento do tamanho do molde até atingir o comprimento vaginal de 11 cm.

DISCUSSÃO

A ciência médica já afirma que cabe a cada especialidade o estudo da iatrogenia que esteja em seu domínio. Todavia, até o presente momento, não foi por nós encontrado caso semelhante na literatura. Logo, é de responsabilidade fundamental aos profissionais o conhecimento dessa condição, uma vez que pacientes submetidos à abordagem abdominal única possuem aumento da morbiletalidade, podendo resultar em uma taxa de readmissão de até 30%.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

Hospital Santa Maria - Piauí - Brasil

Autores

Marizon da Costa Armstrong Júnior, Caroline Mendes Benigna Sales Armstrong, Bruna Benigna Sales Armstrong, Maria Dallara Barroso e Silva , Carlo Victor Sousa Rodrigues, Francisco Fernando da Silva Amorim Júnior, Guilherme Victor Sousa Medeiros, Izaías Barboza Junior