Dados do Trabalho
TÍTULO
HERNIA DE AMYAND: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A hérnia de Amyand (HA) é um epônimo, referente ao cirurgião Claudius Amyand, para qualquer hérnia inguinal cujo saco contenha apêndice ileocecal, com ou sem inflamação. É um evento considerado raro, correspondendo a 1% de todas as hérnias da parede abdominal. A incidência de apendicite aguda em saco herniário é ainda menor, entre 0,7 e 0,13%, tendo por muitas vezes a clínica diferenciada. O seu diagnóstico pré-operatório é raro, ressaltando-se a importância da exploração cirúrgica no diagnóstico intraoperatório, como descrito nesse caso.
RELATO DE CASO
Indivíduo de 62 anos, do sexo masculino, queixava-se de dor abdominal inferior há vários meses sem alteração do hábito intestinal. Ao exame físico foi evidenciado abaulamento em região inguinal direita sugestivo de herniação. A confirmação diagnóstica ocorreu através de ultrassonografia a qual evidenciava imagem de pertuito em canal inguinal direito, com diâmetro médio de 0,8cm e passagem de alças e epíplon para o seu interior durante manobra de Valsalva. No transoperatório de hernioplastia durante a exploração do saco herniário foi identificada a presença de apêndice cecal associado a aderências sugestivas de processo inflamatório crônico, caracterizando a HA. Assim, realizou-se uma apendicectomia em bloco com reparo do orifício herniário, utilizando-se tela de polipropileno. A conclusão do histopatológico evidenciou apêndice cecal medindo 4,0cm de comprimento por 0,6cm de diâmetro exibindo superfície externa congesta e sinais de apendicite aguda inicial. O indivíduo evoluiu em bom estado geral no pós-operatório imediato, com alta hospitalar no dia seguinte, sem complicações.
DISCUSSÃO
A maioria dos casos de HA ocorre do lado direito, não só pela posição anatômica comum do apêndice, como também pela maior frequência de hérnias inguinais nessa região em comparação ao lado esquerdo do abdome. A HA pode ocorrer em qualquer faixa etária, sendo descrita em pacientes desde 6 semanas de vida até 88 anos de idade, com maior incidência em pacientes do sexo masculino. No sexo feminino a ocorrência é maior após a menopausa. Uma vez que a quase totalidade dos casos de HA é identificada no intraoperatório faz diagnóstico diferencial com escroto agudo, hérnia estrangulada ou hérnia encarcerada. A literatura recomenda considerar individualmente a escolha da técnica de correção a depender das condições locais existentes, visto que pode haver contaminação local por peritonite nos casos de apendicite aguda. Na inexistência de contaminação associada, o melhor método é a redução do saco herniário para a cavidade peritoneal.
Área
PAREDE ABDOMINAL
Instituições
Hospital Santa Maria - Piauí - Brasil
Autores
Marizon da Costa Armstrong Júnior, Izaías Barboza Junior, João Vilarinho Cavalcante Filho, Carlo Victor Sousa Rodrigues, Caio Victor Almeida Sampaio, Alexandre Gabriel Silva Rego, Arthur Caminha de Araújo Costa, Bruna Benigna Sales Armstrong