TÍTULO

PARASITOSE EM VESICULA BILIAR: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

Ascaris lumbricoides é o parasita intestinal com maior incidência e prevalência no mundo, principalmente em países pobres. A maioria dos quadros de ascaridíase tem um curso benigno. Todavia, parasitas adultos podem invadir as vias biliares ou o ducto pancreático e causar obstrução com quadros de colecistite, de colangite, de pancreatite e de abscessos hepáticos. Nessas situações, é comum encontrar sinais de desnutrição, de prostração, de distensão abdominal, de hepatomegalia e de icterícia; febre usualmente é vista em complicações. Este caso expõe um quadro grave desse tipo de infestação, culminando com óbito.

RELATO DE CASO

Indivíduo de 41 anos, sexo feminino, sem comorbidades, com quadro de icterícia há 05 dias. Apresentava colúria, acolia fecal e distensão abdominal. Ao exame físico: icterícia 4+/4+ e abdome indolor à palpação. Ultrassonografia abdominal evidenciando parede da vesícula biliar espessada. Procedida internação, foi realizada tomografia de abdome demonstrando edema pancreático e proeminência numérica de linfonodos subcentimétricos na raiz do mesentério. Exames laboratoriais: Leucócitos 11.900/bastões: 0%, bilirrubina total 16,01 e direta 8,54; ɣ-GT 114,1; AST 115; ALT 3; amilase 40; lipase 77. À colangioressonância (CRM) notou-se formação alongada, tortuosa e tubuliforme, suspensa no interior da VB, sugestiva de áscaris. Evoluiu com sepse de foco abdominal e insuficiência hepática. Encaminhada a UTI após 3 dias, evoluiu com colangite grave, leucocitose intensa e disfunção da coagulação. Realizada colecistectomia laparoscópica e colangiografia intraoperatoria com evidência de edema da via biliar, porém sem obstrução. Apresentou piora do quadro clínico com rebaixamento do nível de consciência, lesão renal aguda (Glasgow 7 e KDIGO III), hipotensão seguida de parada cardiorrespiratória em assistolia e óbito. Histopatológico evidenciou colecistite crônica e ausência de malignidade.

DISCUSSÃO

A invasão da vesícula biliar por Ascaris é um evento raro, devido à tortuosidade e ao reduzido diâmetro do ducto cístico. A colangiopancreatografia endoscópica retrógrada é o exame mais sensível para detecção do parasita na vesícula biliar, entretanto, é um método dispendioso e que requer grande habilidade técnica. As evidências apontam a CRM como alternativa diagnóstica. Apesar do tratamento disponível, a parasitose nas vias biliares não raramente apresenta evolução desfavorável.