Dados do Trabalho


TÍTULO

BOCIO MERGULHANTE

INTRODUÇÃO

O bócio mergulhante é uma afecção relativamente rara da glândula tireoide que consiste em aumento do tamanho, peso e volume desta glândula que invade a cavidade torácica total ou parcialmente. Em geral, é um quadro de evolução lenta sendo assintomático em até 65% dos casos. A maior parte consiste em massa benigna e as alterações da função tireoidiana não são comuns em pacientes com bócio intratorácico. O tratamento consiste na ressecção cirúrgica da glândula, uma vez que representa a única possibilidade de remoção completa da lesão. Complicações mais comuns no pós-operatório são: hipoparatireoidismo transitório, lesão de nervo laríngeo recorrente, hemorragias, hipocalemia, tetania, e paralisias recorrentes.

RELATO DE CASO

Paciente feminina, 32 anos, assintomática, estava em consulta de rotina quando, durante exame físico, foi observado nódulo em tireoide. Foram solicitados exames complementares sendo evidenciado bócio multinodular na USG cervical; TC de pescoço e tórax com nódulos de realce heterogêneo de contraste e margens bem definidas no ístmo, lobo esquerdo e outros nódulos que se estendem até mediastino anterior e PAAF com nódulo coloide com alterações císticas (Bethesda II). Foi encaminhada para tireoidectomia total que foi realizada junto com ressecção de componente mediastinal do bócio no mediastino anterior, entre timo e veia braquiocefálica, ambas realizadas via transcervical. O anatomopatológico evidenciou hiperplasia nodular de tireoide e linfonodo mediastinal exibindo quadro reacional tipo histiocitose sinusal. Evoluiu com queda do cálcio sérico e sintomas de parestesia em pé direito e membros superiores, irritabilidade e queda do cabelo, sendo iniciada reposição de cálcio, levotiroxina e alta após melhora clínica. Após 1 mês, retorna com nova TC de pescoço sem alterações, exames laboratoriais mostrando cálcio de 8,0 mg/dL; fósforo de 6,3 mg/dL, TSH 12,71 mU/L e T4L 0,6 ng/dL e persistência da parestesia em extremidade de membros, favorecendo um quadro de hipotireoidismo e hipoparatireoidismo pós-operatório. Foi otimizada a reposição de cálcio, acrescentado calcitriol e mantido levotiroxina. Retorna após 2 meses com piora de parestesia em membros e paralisia intermitente em face há 5 dias acompanhados de câimbras frequentes, hipocalcemia de 7,9 mg/dL e apresentando sinal de Trousseau e Chvostek durante atendimento. Optado por otimizar dose de levotiroxina e mantido calcitriol. Após 1 mês paciente retorna com exames laboratoriais demonstrando Ca
sérico de 8,9; T4L 1,61 e TSH <0,05, mas segue referindo parestesia intermitente em face e paresia de membros. Continua em acompanhamento clínico pela endocrinologia.

DISCUSSÃO

Temos um caso de hipotireoidismo e hipoparatireoidismo pós-tiereoidectomia total com apresentação clínica rica, evidenciando tetanismo marcante com Trousseau e Chvostek positivos e com difícil controle do cálcio e fósforo sérico, TSH e T4L.

Área

CIRURGIA CABEÇA E PESCOÇO

Instituições

UniCEUB - Distrito Federal - Brasil

Autores

Wendel dos Santos Furtado, Daniel Sammartino Brandão, Cássio Silva Coelho, Vitor Breves Paiva, Carolina Martins Vissoci, Mariana França Bandeira de Melo, Ângelo Santana Guerra, Diego Fernandes Queiroga Pita