Dados do Trabalho


TÍTULO

PIODERMA GANGRENOSO PÓS-TRANSPLANTE HEPÁTICO

INTRODUÇÃO

Pioderma gangrenoso (PG) é uma doença rara, mas com importante morbidade, caracterizada por lesões cutâneas ulcerosas e dolorosas, de etiologia desconhecida e difícil diagnóstico. Estudos recentes sugerem a associação de PG a uma resposta inflamatória exacerbada ao trauma, processo inflamatório ou neoplásico, quando em pacientes suscetíveis. O presente relato aborda um paciente pós-transplantado com diagnóstico de PG.

RELATO DE CASO

Paciente masculino, 57 anos, diabético, tabagista 15 anos-maço, etilista por 30 anos com alguns períodos em abstinência, portador de hepatopatia crônica alcoólica há 3 anos com episódios de encefalopatia hepática e presença de ascite. Transplante hepático realizado há 2 anos, sem intercorrências e em uso de imunossupressores nesse período. Há 1 ano e 8 meses houve o aparecimento de uma lesão eritematosa infecciosa com crosta melicérica em membro superior direito, semelhante a impetigo e tratada com medicamento tópico. Diante da persistência sem melhora da lesão foi solicitada biopsia com laudo de intensa reação neutrofílica com formação de abscessos, hiperplasia epitelial sem atipias, edema, infiltrado inflamatório linfoplasmocitário, fibrose, áreas hemorrágicas intersticial e focos de reação gigantocelular do tipo corpo estranho sugestivo de pioderma gangrenoso. Diante do laudo, ressecção da lesão foi realizada.

DISCUSSÃO

Devido a imunossupresão, os pacientes transplantados estão propensos a desenvolver doenças cutâneas de causas diversas1. Ao analisar clinicamente a lesão apresentada pelo paciente suspeitou-se de impetigo. Porém os achados da biópsia associados a característica da lesão e a exclusão de causas infecciosas levaram ao diagnóstico de PG. É importante citar que o paciente apresenta diagnóstico prévio de adenocarcinoma e já existem relatos de PG como sindrome paradeoplasica destes tumores2. Chama a atenção o surgimento da lesão enquanto o paciente fazia uso de tacrolimus, imunossupressor que é utilizado em alguns centros para o tratamento do PG 3 e micofenolato de sódio, um outro tratamento alternativo4. Apesar do debridamento cirúrgico não ser indicado em caso de pioderma gangrenoso, optou-se pela remoção da lesão devido a refratariedade a imunossupressão e pelo fato do paciente ser diabético, fatos que elevam o risco de infecção e piora da lesão. Salienta-se que existem poucos relatos de PG associados ao transplante hepático.

Área

TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

Instituições

Universidade Católica de Brasília - Distrito Federal - Brasil

Autores

Priscila Lorena Carvalho da Silva, Kathleen Dianne Gomes Cavalcante, Marianna de Almeida Maciel Frech, Priscila Dourado Barbosa de Melo Santos, André Luis Conde Watanabe, Natália de Carvalho Trevizoli, Gustavo de Sousa Arantes Ferreira