Dados do Trabalho


TÍTULO

NEOPLASIA MUCINOSA DE APÊNDICE: RELATO DE CASO E REVISÃO DA LITERATURA.

INTRODUÇÃO

Os tumores primários de apêndice são ocorrências raras, encontrados em menos de 2% das apendicectomias. A neoplasia mucinosa (NM) de apêndice responde por 0,2- 0,7% desses casos, sendo sua prevalência maior na sexta década de vida. O quadro clínico pode variar indo desde apresentações assintomáticas até apendicite aguda,passando por dor abdominal não específica ou massa pélvica. O tratamento é cirúrgico,apendicectomia ou hemicolectomia, conforme extensão da lesão. Objetivo deste estudo é relatar um caso de apendicite aguda causada por NM e revisar na literatura a classificação histopatológica e o tratamento.

RELATO DE CASO

WAS, 55 anos, feminina, deu entrada no pronto socorro de cirurgia geral com queixa de dor bem localizada em fossa ilíaca direita, iniciada há 2 dias, associada a náusea, vômitos e hiporexia há 1 dia. Sem outras queixas e menopausa há 4 anos. Ao exame físico, apresentava abdome doloroso à palpação profunda de fossa ilíaca direita, sinal de Blumberg presente. Hemograma sem alteração e, ao exame de imagem,ultrassonografia abdominal evidenciava apêndice com espessura transversal de 3 cm, sem modificação sob compressão do transdutor, com áreas hipoecoicas e heterogêneas e borramento da gordura periapendicular. Exame compatível com apendicite aguda. Foi submetida a laparotomia exploradora. Durante o intraoperatório, o apêndice estava espesso, endurecido,com fibrina, sem sinais de necrose ou abcesso, com aspecto tumoral em toda sua extensão até parede de ceco. Foi optado por realizar hemicolectomia direita e íleo-tranverso anastomose látero-lateral. Paciente evolui sem intercorrências no pós-operatório, recebendo alta no quarto dia pós-operatório. Análise histopatológica da peça cirúrgica, apresentava apêndice com 3,0 x 4,0 x 1,4 cm, com lesão polipoide ocupando toda luz do apêndice estendendo-se para a luz do ceco e medindo 1,5 cm de espessura. Microscopia evidenciou NM de apêndice de baixo grau restrita a submucosa.

DISCUSSÃO

A classificação dos tumores de apêndice é controversa. Os tumores produtores de mucina possuem origem epitelial e são divididos primariamente em NM de baixo grau ou alto grau e adenocarcinoma produtor de mucina. A NM de baixo grau e alto grau são lesões restritas a submucosa e são diferenciadas pelo nível de atipia celular e o adenocarcinoma, por invasão da muscular própria.
A principal complicação da NM é a ruptura do apêndice causando pseudomixoma peritoneal.
O tratamento é baseado na exerese do sítio primário de lesão, por apendicectomia ou hemicolectomia direita, quando o tumor é pericecal, é maior que 2 cm ou apresenta sinais de malignidade. Em estágios avançado, pode ser necessário quimioterapia, HIPEC e Debulk.
Em nosso relato, a realização da hemicolectomia foi a melhor opção terapêutica, visto que a extensão da lesão para ceco contraindicaria a apendicectomia.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Hospital Regional de Santa Maria - Distrito Federal - Brasil

Autores

RAFAEL FRANCISCO ALVES SILVA, Luiz Carlos de Araújo Souza, Lidia Bastista Ribeiro Costa, Stephanie da Silva Fernandes, Marcelo Alencar da Fonsêca, Paulo Henrique Cassimiro Vieira, Rafael da Rosa Ergang, Ivan Araújo Motta