Dados do Trabalho
TÍTULO
PANCREATECTOMIA DISTAL ROBOTICA COM PRESERVAÇAO DO BAÇO
INTRODUÇÃO
A ressecção do corpo e da cauda pancreáticos de qualquer ponto à esquerda da veia porta é denominada pancreatectomia distal e é tradicionalmente combinada à esplenectomia. Pancreatectomia distal com preservação esplênica ganhou popularidade para ressecção de lesões benignas ou malignas de baixo grau devido à redução do tempo de internação pós-operatória e de complicações infecciosas. Enquanto as pancreatectomias distais laparoscópicas ainda compõem a maioria dos relatos na literatura, a publicação de séries robóticas tem aumentado constantemente, confirmando a segurança e viabilidade da abordagem robótica. O sistema robótico da Vinci oferece vantagens técnicas sobre a laparoscopia padrão, como visualização tridimensional e estável, movimentação das pinças com sete graus de liberdade e eliminação do tremor.
DESCRIÇÃO DO VÍDEO
Trata-se de paciente do sexo feminino, 69 anos, com quadro de diarreia e rubor facial. Durante investigação com ultra-sonografia e posteriormente tomografia, foi achado nódulo hipervascular com cerca de 1,6 cm de diâmetro em região de corpo pancreático, compatível com tumor neuroendócrino. Foi então submetida à cintilografia PET-CT com Gálio-68 que identificou o tumor e descartou metástases linfonodais e à distância. Este caso foi discutido em reunião multidisciplinar. O tumor estava em contato com o ducto pancreático principal e enucleação foi descartada. Ressecção pancreática com preservação do baço e vasos esplênicos foi indicada. Abordagem robótica foi proposta, com consentimento da paciente.
O sistema robótico Da Vinci Si foi utilizado. Foram usadas 4 incisões para os braços do robô e uma para o auxiliar. O pâncreas foi seccionado com grampeador com carga vascular revestida com filme absorvível. O tempo para docking foi de 10 minutos e a ressecção pancreática distal com preservação dos vasos esplênicos durou 120 minutos. A perda sanguínea foi mínima, estimada em 50 mL. Paciente não necessitou de UTI e evoluiu sem intercorrências, recebendo alta no 4º dia de pós-operatório. Amilase do dreno veio baixa e este foi retirado no 10º dia de pós-operatório. Análise histológica confirmou tumor neuro-endócrino com margens livres, grau 1 (Ki67 de 1%). Paciente está bem, sem evidência de doença 8 meses após procedimento.
CONCLUSÃO
Pancreatectomia robótica com preservação do baço e vasos esplênicos é viável e seguro nas mãos de cirurgiões robóticos experientes. Como em todas as cirurgias pancreáticas, a padronização dos cuidados e uma equipe de apoio clínico multidisciplinar são fundamentais para a realização desses procedimentos complexos de maneira segura e eficiente.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
Hospital Nove de Julho - São Paulo - Brasil
Autores
Marcel Autran Machado, Rodrigo Surjan, Fabio Makdissi, Izabella Braz Martins da Silva