Dados do Trabalho


TÍTULO

Gravidez Ectópica Abdominal Secundária Rota – relato de caso.

INTRODUÇÃO

Gestação ectópica abdominal (GEA) corresponde a implantação e desenvolvimento do saco gestacional fora da cavidade uterina e nos limites da cavidade abdominal, sendo rara, encontrada em 0,5% das gestações. O diagnóstico da GEA é feito por sinais clínicos, dosagens do βHCG e USG transvaginal. O objetivo do estudo é relatar um caso de gravidez ectópica abdominal assistida no Hospital Regional de Cáceres Dr. Antônio Fontes, analisando a importância do diagnóstico precoce para prevenção de complicações emergenciais.

RELATO DE CASO

Paciente M.L.V.E 28 anos, solteira, nuligesta, ciclos menstruais regulares, proveniente da Bolívia, deu entrada no serviço no dia 20/09/2016 com quadro de dor abdominal há 2 semanas. Traz consigo USG transvaginal mostrando útero com endométrio aspecto trilaminar e líquido em fundo de saco de Douglas, interrogando doença inflamatória pélvica (DIP). Exame físico: face álgica em MEG, descorada +/4+, PA: 90/50 mmHg, FC: 89 bpm, FR: 22 irpm e Tx: 37,9°C, abdome: dor em hipogástrio a palpação profunda e DB(-). Diante deste quadro, suspeitou-se de prenhez ectópica rota. Outro diagnóstico possível seria um acidente hemorrágico ginecológico ou DIP. Devido a esta suspeita clínica, solicitamos exames laboratoriais de rotina: β-HCG e USG trans-abdominal. Hemograma: Hb: 9,9g/dl, Ht: 30 e β-HCG(+). USG trans-abdominal: evidenciou líquido em fundo de saco de Douglas, com útero e ovários sem particularidades. Diante destes resultados, a paciente foi encaminhada imediatamente para o centro cirúrgico para laparotomia exploradora. No inventário cirúrgico dos órgãos abdominais, encontrou-se implantação do ovo no fundo de saco de Douglas envolto em uma bolsa de coágulo. Realizou-se exérese cirúrgica da peça e em seu interior havia presença de feto compatível à 6 semanas. A paciente recebeu alta curada no 2º dia pós-operatório sem necessidade de hemotransfusão.

DISCUSSÃO

A GEA pode ser resultado de aborto tubário (GEA secundária) ou da direta implantação do ovo na cavidade peritoneal (GEA primária). O sintoma mais comum da GEA é a dor abdominal. O diagnóstico precoce da GEA mostra-se essencial na redução do risco de ruptura, além de melhorar o prognóstico. Na maioria das vezes o diagnóstico de GEA é intraoperatório (40%). Alguns autores defendem que a USG transvaginal proporciona um grande percentual de acertos (>75%) no diagnóstico da prenhez ectópica abdominal. Porém, é um tema controverso, já que a maioria defende que esse diagnóstico deve basear-se em dados clínicos, USG e dosagem do βHCG. A GEA deve ser interrompida no momento do diagnóstico para evitar complicações maternas como hemorragia, infecção, anemia, CIVD, TEP. Em nosso caso, o aparelho ginecológico estava normal sem sinais de gestação, como se a peça estivesse envolta em uma bolsa de coágulo. Não foi possível verificar implantação do feto no peritôneo do fundo do saco de Douglas. Caso tivesse sinais de implantação da placenta, estaríamos diante de um caso mais raro: gravidez ectópica abdominal primária.

Área

GINECOLOGIA

Instituições

HRCAF UNEMAT - Mato Grosso - Brasil

Autores

ANDRÉ LUÍS SILVA AMARAL, ERIKA MOREIRA DA SILVA , ANA KAREN MOZER, CAMILA PAIXÃO MARQUES