Dados do Trabalho
TÍTULO
RELATO DE CASO: DIVERTÍCULO URETRAL ABORDADO CIRURGICAMENTE NO HOSPITAL REGIONAL DE SANTA MARIA (HRSM).
INTRODUÇÃO
Divertículos de parede uretral apresentam incidência entre 0,6 e 5%. O diagnóstico geralmente ocorre pela história clínica com episódios repetidos de cistite, dor uretral e sintomas de irritação miccional; e pelo exame físico com a palpação de abaulamento em parede anterior vaginal que elimina pus do orifício uretral quando aplicada pressão. Apresenta o mnemônico dos 3 Ds: dribbling, dyspaurenia e dysuria. A maioria dos casos é provavelmente secundária a trauma uretral obstétrico ou grave infecção uretral.
RELATO DE CASO
Paciente E.M.F, sexo feminino, 40 anos, encaminhada ao serviço de urologia do HRSM por história de abaulamento em parede vaginal próximo a uretral, há 7 meses. Refere sintomas de disúria, dor, dispaurenia e secreção uretral purulenta. Episódios recorrentes de infecção do trato urinário (cerca de 2 por mês). Nega história de trauma local. Histórico obstétrico G3P3C0A0
USG endovaginal: Presença de imagem cística, anecóica com debris finos, contornos regulares limites precisos, paredes finas, medindo 3x2,6x3cm. Volume 15,2cm³.
Descrição cirúrgica: Passagem de cistoscópio evidenciando presença de orifício de drenagem na uretra, em terço médio, às 5 horas. Realizado incisão em “U invertido” da mucosa vagina. Presença de intenso processo inflamatório e difícil dissecção do cisto parauretral. Ressecção completa deste até o colo. Abertura do cisto e sondagem com sonda número 6. Síntese por planos e colocação de tampão mucoso. Apresentou boa evolução clínica, com apenas a formação de pequeno hematoma em parede vaginal. Recebe alta hospitalar no 2 dia pós operatório (DPO). Retorna ao ambulatório no 23º DPO, assintomática. Retirado sonda vesical de demora.
DISCUSSÃO
Divertículos uretrais são patologias raras da urologia e mais prevalente no sexo feminino. Maioria localiza-se ventralmente sobre as porções média e proximal da uretra, correspondendo à área da parede vaginal anterior de 1 a 3 cm do intróito.
EAS e urocultura devem ser realizadas. O organismo mais comum isolado é a E. coli. No entanto, N. gonorrhoeae, Chlamydia, estreptococos e estafilococos podem estar presentes.
A manifestação clínica e o exame físico da paciente corroboram para o quadro de divertículo uretral. O diagnóstico se complementa com: A) Uretrocistoscopia; B) Urodinâmica para aqueles com incontinência urinária ou disfunção miccional significativa, sendo útil para documentar a presença ou ausência de incontinência urinária de esforço antes do reparo (aproximadamente 50% das mulheres com DU demonstrarão incontinência urinária aos esforços); C) Uretrocistografia contrastada; D) USG transvaginal; e E) RNM de pelve.
O tratamento consiste na remoção do saco através de incisão na parede vaginal anterior, com cuidado para não ferir a musculatura esfincteriana uretral. O saco diverticular é completamente removido e o defeito na uretra reparado. A principal complicação é a fístula uretrovaginal. No caso, a paciente retorna assintomática, demonstrando sucesso no diagnóstico e na terapêutica adotada.
Área
UROLOGIA
Instituições
Escola Superior de Ciências da Saúde - Distrito Federal - Brasil
Autores
Leandro Martins Gontijo, Stephanie da Silva Fernandes, Matheus Paiva de Souza, Heverton Ramos dos Santos, Carlos Hirokatsu Watanabe Silva, Rodrigo Bueno Rossi