Dados do Trabalho


TÍTULO

FISTULA PERITONEO-PLEURO-BRONQUICA TRANSDIAFRAGMATICA COM COLELITOPTISE: RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

A colecistectomia videolaparoscópica (CVL) se tornou o método de tratamento de colelitíase sintomática desde 1987, sendo hoje o padrão-ouro. As complicações mais frequentes pós CVL são sangramento (0,11–1,97%), abscesso (0,14-0,3%), fistula biliar (0,3–0,9%), lesão biliar (0,26-0,6%) e lesão do intestino (0,14-0,35%). Este relato de caso tem como finalidade descrever os eventos diagnósticos e terapêuticos de fistula peritoneo-pleuro-brônquica transdiafragmática com colelitoptise pós CVL. Uma complicação incomum, com poucos casos descritos e publicados na literatura mundial.

RELATO DE CASO

Homem, 60 anos, portador de colelitíase sintomática sem outras comorbidades, submetido à CVL em 2016, evolui no pós-operatório com tosse e dispneia aos médios esforços além de 5 internações por pneumonia em 12 meses. Apresentou expectoração de um cálculo em FEV/2018 composto de colesterol e bilirrubina compatível com calculo biliar. Em propedêutica, exames de lavado bronquial e biopsia transbrônquica foram negativos. A TC visualizando coleção peri-hepática de 6x3,2cm associada a discreta consolidação focal no segmento basal lateral do lobo inferior direito (SBLID) . Em nova TC após 03 meses evidenciou a permanência da condensação no SBLID e diminuição da coleção, neste exame com 5x2,2cm. Após 03 meses, em RNM de Abdome demonstrou diminuição da coleção líquida peri-hepática, com volume de 6,7cm³. A coleção estende-se cranialmente em projeção subdiafragmática com trajeto laminar filiforme, apresentando trajeto fistulosos que ultrapassa a cúpula diafragmática, medindo 2,5mm permitindo comunicação desta com a superfície pleural. Ascendendo pelo parênquima pulmonar através do SBLID até atingir o brônquio fonte do lobo inferior direito medindo cerca 6,0 cm de extensão. Parênquima hepático com características usuais. Apresentava coledocolitíase com cálculo de 5,5mm. Submetido à CPRE feito papilotomia e retirada do calculo biliar. Evoluiu com melhora total dos sintomas, sendo optado tratamento expectante da fistula peritoneo-pleuro-bronquica.

DISCUSSÃO

O derramamento de cálculos biliares na cavidade peritoneal e sua não retirada, pode ocasionar eventos adversos incomuns ocorrendo em 1,7 ‰ das CVLS. O abscesso intra-abdominal é a complicação mais comum 0,3-2,9%, de 44 já descritas decorrentes de cálculos deixados na cavidade. Woodfield et al analisou seis estudos com uma amostra total de 18280 pacientes e a incidência de perfuração vesicular foi de 18,3% e que destes, em 40% os cálculos biliares são derramados na cavidade peritoneal, 7,3% do total. Além disso, estimou que a incidência de cálculos não retirados fosse de 33%, 2,4% do total. Na maioria dos casos faz-se necessário a higienização do abscesso por laparoscopia, contudo no caso em questão o paciente apresentou melhora total dos sintomas e diminuição progressiva da coleção, que assumindo um valor ínfimo. Manteve-se sem recorrência dos sintomas respiratórios, sendo optada a conduta expectante da fístula peritoneo-pleuro-brônquica

Área

VIAS BILIARES E PÂNCREAS

Instituições

HOSPITAL JÚLIA KUBITSCHEK - FHEMIG - Minas Gerais - Brasil

Autores

ANDRÉ MESQUITA DE ABREU, TARCÍSIO VERSIANI DE AZEVEDO FILHO, LUIZ GONZAGA TORRES JÚNIOR, PEDRO HENRIQUE CARAZZA SILVA, ANGELA LOPARDI NICOLATO, BRUNA HAUEISEN FIGUEIREDO, PAULO CÉSAR DE FARIA JÚNIOR, THAIS ANDRESSA SILVA FAIER