Dados do Trabalho
TÍTULO
CANCER GASTRICO TIPO DIFUSO NA GESTANTE
INTRODUÇÃO
O câncer gástrico é a segunda causa de morte entre homens e a quinta entre mulheres no Brasil. Representa 10% do total de casos de câncer em todo o mundo, sendo na gestação responsável por cerca de 0,1%. No Japão, a taxa de câncer gástrico durante a gravidez é de 0,016%.
Na gestação, os sintomas se sobrepõem entre câncer gástrico e gravidez, o que leva ao diagnóstico tardio, com a doença já em estágio avançado. Cerca de 90% dos casos de câncer gástrico na gravidez são diagnosticados em estágio avançado, com cerca de 50% a 80% de casos irressecáveis. Episódios de hemorragia digestiva e complicações como perfuração são incomuns.
A endoscopia digestiva alta (EDA) é o método padrão-ouro para o diagnóstico. A tomografia computadorizada (TC) é o método de escolha para o diagnóstico de acometimento extragástrico. O tratamento cirúrgico deve ser realizado quando não houver evidência de envolvimento peritoneal, metástases à distância ou doença localmente avançada invadindo estruturas vasculares.
RELATO DE CASO
NGO, 23 anos, sexo feminino, 30 semanas de gestação (G1P0A0), com episódio de hematêmese e hematoquezia de grande volume. Internada em CTI devido queda hematimétrica e instabilidade hemodinâmica. Realizada EDA que evidenciou lesão ulcerada de 1cm de diâmetro, endoscopicamente suspeita, no corpo gástrico. Anatomopatológico revelou adenocarcinoma gástrico tipo difuso de Lauren, infiltrando mucosa gástrica.
Realizada corticoterapia para maturação pulmonar do feto e optada por interrupção da gestação com 35 semanas através de cesariana sem intercorrências para o RN e para a mãe. Estadiamento por tomografia não identificou metástases à distância. Realizada então a gastrectomia total com linfadenectomia a D2 e reconstrução em Y de Roux. No per-operatorio identificado nódulo umbilical o qual ressecado e envidado para anatomopatológico.
Paciente evoluiu bem, tendo alta hospitalar no 7º dia pós-operatório. O anatomopatológico do nódulo umbilical evidenciou resquícios do conduto onfalomesentérico e ausência de malignidade. O anatomopatológico da peça cirúrgica confirmou adenocarcinoma gástrico do tipo difuso de Lauren, invadindo subserosa, com margens livres, sem invasão angiolinfática e sem comprometimento linfonodal.
Com T3N0M0 e estadiamento IIA, a paciente foi encaminhada para realização de quimiorradioterapia adjuvante.
DISCUSSÃO
O câncer gástrico, apesar de prevalente na população, ainda assusta por sua morbimortalidade. Tem uma evolução silenciosa que quando clinicamente manifestada já mostra uma doença em fase avançada com pouca sobrevida para o paciente, sendo de extrema importância seu diagnóstico precoce.
O trabalho em conjunto efetivo das equipes de medicina intensiva, ginecologia e obstetrícia e cirurgia geral foi de fundamental importância para o desfecho satisfatório do quadro da paciente, com reuniões clínicas acerca da decisão do melhor momento para interrupção da gestação sem contudo atrasar o tratamento cirúrgico.
Área
ESTÔMAGO E DUODENO
Instituições
HOSPITAL JÚLIA KUBITSCHEK - Minas Gerais - Brasil
Autores
ANGELA LOPARDI NICOLATO, TARCÍSIO VERSIANI DE AZEVEDO FILHO, FELIPE FIGUEIREDO MACIEL, PHELIPE GABRIEL DOS SANTOS SANTANA, BRUNA HAUEISEN FIGUEIREDO, ANDRÉ MESQUITA DE ABREU, PAULO CÉSAR DE FARIA JÚNIOR, PEDRO HENRIQUE CARAZZA SILVA