Dados do Trabalho
TÍTULO
ADENOCARCINOMA MUCINOSO DE APENDICE: RELATO DE UM CASO
INTRODUÇÃO
Neoplasias malignas de apêndice são raras, clínica inespecífica e baixa incidência (1/10000 casos), correspondendo a 0,2-0,5% de todos os tumores do trato gastrointestinal.
Este relato demonstra a inespecificidade clínica desta patologia rara e a pouca experiência dos cirurgiões. É de difícil suspeita pré-operatória, com importância do anatomopatológico no seu diagnóstico.
RELATO DE CASO
Mulher 46 anos, admitida com dor em fossa ilíaca direita (FID) há três dias, sem irradiação ou outros sintomas associados. Ao exame físico sinais vitais estáveis e dor em FID, sem reatividade. Realizado analgesia, solicitado laboratoriais e imagens. TC abdome evidenciou sinais de apendicite aguda, sendo submetida à apendicectomia (apêndice grau II) e peça enviada para anatomopatológico. No pós-operatório checado histopatológico que evidenciou adenocarcinoma mucinoso do apêndice, neoplasia infiltrando submucosa/muscular própria/tecido subseroso, com presença de perfuração apendicular, peritonite reativa e abscesso periapendicular. Colo do apêndice livre de neoplasia.
Após estadiamento clínico, sem metástase, indicada intervenção complementar: hemicolectomia direita e linfadenectomia (cólon e linfonodos livres de neoplasia). Estadiada (T3N0M0) e encaminhada para terapia adjuvante (esquema Roswell Park). Atualmente, paciente em esquema quimioterápico e seguimento oncológico, com imagens e marcadores tumorais sem recidiva.
DISCUSSÃO
O apêndice vermiforme tem mesma origem embriológica do intestino grosso, portanto é suscetível a tumores. A neoplasia maligna é rara com incidência em 0,2% de todas as apendicectomias. Mais comum 5-6°década de vida e prevalência quanto ao sexo discutível.
Clínica inespecífica simulando apendicite aguda em 70% dos casos. Mas, pode apresentar-se como massa pélvica com sintomas urinários, intussuscepção, melena. Pode romper disseminando células neoplásicas causando pseudomixoma peritoneal.
O diagnóstico pré/intra-operatório é difícil e o cirurgião se surpreende no pós-operatório com o histopatológico. Após diagnóstico definitivo deve-se considerar diâmetro/localização do tumor, idade, metástases, nível de acometimento histológico, além de descartar tumores sincrônicos/metacrônicos para programação terapêutica. A cirurgia é a melhor opção, aumentando 5anos na sobrevida global em 40-50% dos casos. Em geral é feita nova intervenção mais agressiva, hemicolectomia direita e linfadenectomia. Após, determina-se necessidade de terapia adjuvante ou medicina paliativa.
Prognóstico sombrio com alta recorrência, no momento do diagnóstico 74% já apresentam metástases. Principal via de disseminação é celômica. O seguimento é conforme protocolo câncer colorretal, com dosagem de marcadores tumorais, imagens e colonoscopia.
A publicação de casos raros como este auxilia no melhor conhecimento da doença, permitindo maior contato com a mesma. Ajuda na tomada de condutas, orientação e aconselhamento familiar.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
HOSPITAL DAS CLÍNICAS - UNESP BOTUCATU - São Paulo - Brasil
Autores
KAMILA DE BESSA PENTEADO, PAMELA CRISTINA BELLAZ DO AMARAL CAMPOS SILVA, MARCELA MARIA SILVINO CRAVEIRO, PAULO ANTONIO RODRIGUES, WALMAR KERCHER DE OLIVEIRA, MARINA MORAES LOPES SOARES