Dados do Trabalho


TÍTULO

DIAGNOSTICO TARDIO DE CARCINOMA HEPATOCELULAR (CHC) EM PACIENTES SEM FATORES DE RISCO - RELATO DE CASO.

INTRODUÇÃO

O Carcinoma Hepatocelular (CHC) é um tumor que ocorre devido a uma mutação nos genes de um hepatócito. Essa mutação geralmente é causada por agentes externos, como o vírus da hepatite - tipo B (50%) e tipo C (20%), ou pelo excesso de multiplicação das células, como a contínua regeneração nas hepatites crônicas, presentes em até 56% dos pacientes. O CHC é responsável por mais de 90% das neoplasias malignas hepáticas primárias, além de ser a 6ª doença maligna mais comum, tornando-se a 3ª maior causa de mortalidade nos cânceres. Há ainda uma disparidade na incidência do CHC, acometendo 3,7 homens a cada 1 mulher. Os sintomas costumam ser inespecíficos e indicam uma fase mais avançada da doença. Entre as manifestações estão: dor abdominal, tumoração palpável, inapetência, icterícia e emagrecimento. O prognóstico para os pacientes acometidos varia de acordo com a fase de detecção, tendo expectativa de vida média inferior a um mês, caso o diagnóstico seja realizado apenas na fase sintomática da doença. É importante destacar que mesmo os tratamentos disponíveis ainda são limitados, a exemplo da ressecção cirúrgica, que na maioria dos casos não é elegível devido à extensão do tumor ou ao comprometimento hepático.

RELATO DE CASO

RGSB, 65 anos, sem comorbidades diagnosticadas, internada por quadro de dor lombar associada a oligúria. Durante investigação do quadro, paciente apresentou queixa de epigastralgia associada a distensão abdominal. Solicitados exames laboratoriais que evidenciaram: BT 3,2; BD 2,05; BI 1,15; GGT 1508; TGO 234; TGP 87; Sorologia para Hepatites B e C não reagentes. Solicitado ultrassonografia de abdome que evidenciou hepatoesplenomegalia e presença de trombose em veia porta. Em endoscopia digestiva, foram detectadas varizes esofágicas de fino calibre. Realizada AngioTC de abdome que evidenciou tumoração sólida heterogênea de 15x12,9cm, infiltrando o sistema ductal, as veias hepáticas e a veia porta. Devido a essa lesão, foi solicitada alfafetoproteína com resultado de 9.146, altamente sugestivo de CHC. TC de tórax sugestiva de metástase pulmonar e linfonodal.
Paciente foi encaminhada para os serviços de gastroenterologia e oncologia que indicaram apenas cuidados paliativos devido à extensão da lesão, comprometimento hepático avançado e metástase pulmonar. Durante o período de internação, aproximadamente um mês, paciente evoluiu com piora do estado geral, diminuição da aceitação da dieta - sendo necessária dieta enteral -, icterícia, ascite e importante edema de membros inferiores.

DISCUSSÃO

A partir do caso descrito, é importante relatar que apesar da paciente não apresentar nenhum dos principais causadores da doença, como hepatite ou cirrose, foi obtido um diagnóstico já na fase sintomática do CHC, com uma rápida evolução e sem possibilidades de tratamentos curativos. Dessa forma, devido à sua alta prevalência, alta morbidade e agressividade, é preciso suspeitar de sua incidência mesmo em pacientes assintomáticos e sem comorbidades agravantes.

Área

FÍGADO

Instituições

UniCEUB / UNB - Distrito Federal - Brasil

Autores

Eduarda Luz Barbosa Alarcão, Gustavo Werneck Ejima, Henrique Metzker Ferro