Dados do Trabalho
TÍTULO
LESAO DE VIA BILIAR BISMUTH II: DESAFIO NA CONDUÇAO
INTRODUÇÃO
A lesão de ducto biliar comum é uma das complicações mais sérias associadas à cirurgia da vesícula biliar. Incidem em cerca de 0,2% a 3% das colecistectomias laparoscópicas. Acontecem comumente quando o ducto biliar comum é confundido com o ducto cístico e então seccionado. Quando reconhecida no intraoperatório, deve ser reparada imediatamente de acordo com o grau da lesão.
RELATO DE CASO
LSF, sexo feminino, 45 anos, com colecistite aguda listiásica foi encaminhada ao bloco cirúrgico para realização de (CVL). Na dissecção do pedículo biliar, notou-se a presença de uma “terceira estrutura” sendo atribuído a um ducto cístico acessório que foi clipado igualmente às outras estruturas. O restante da cirurgia ocorreu sem intercorrências.
Paciente evoluiu no pós-operatório com dor abdominal de forte intensidade, principalmente em hipocôndrio direito associada a distensão abdominal. No 3º dia pós-operatório notou-se a presença de mancha hipercrômica periumbilical que se extendeu para todo o hipogástrio nos dias subsequentes, aventando a hipótese de coleperitônio.
Realizada punção guiada de líquido em pelve com saída secreção biliosa. Realizou colangiorressonância que evidenciou indefinição de limites em segmento médio/distal do ducto hepático comum com fistula biliar e consequente coleperitônio.
Optada então pela realização de laparoscopia para drenagem da fistula biliar, com achado de 2,5 litros de bile que foi drenado com dois drenos tubulares um supra e um infra hepático. Evoluiu com fistula biliar com drenagem de 400ml/dia.
Paciente submetida a CPRE com identificação da lesão de colédoco proximal, próximo a imagem sugestiva de clipe metálico.
Paciente recebeu alta com dreno infrahepático e acompanhamento ambulatorial semanal com proposta de realização de derivação biliodigestiva. Paciente manteve-se ictérica 4+/4+ e com redução progressiva do débito do dreno.
Foi internada para realização do procedimento cirúrgico após 10 semanas da realização da colecistectomia laparoscópica. Submetida a anastomose hepaticojejunal em Y de Roux após identificação de ducto hepático comum dilatado - cerca de 1,5cm de diâmetro – classificada a lesão como Bismuth II.
Paciente evoluiu muito bem, com queda progressiva da icterícia recebendo alta hospitalar no 5º dia pós-operatorio.
Encontra-se em controle ambulatorial, assintomática.
DISCUSSÃO
A melhor forma de lidar com uma lesão de ducto biliar é a prevenção, que ocorre através de uma dissecção segura que deve começar na vesícula biliar, seguindo por uma adequada visualização de sua junção com o ducto cístico. De suma importância é que na menor suspeita de lesão de colédoco durante a colecistectomia laparoscópica, é necessária a realização de colangiografia intraoperatória para que a possível lesão possa ser diagnosticada e tratada precocemente.
Área
VIAS BILIARES E PÂNCREAS
Instituições
HOSPITAL JÚLIA KUBITSCHEK - Minas Gerais - Brasil
Autores
ANGELA LOPARDI NICOLATO, TARCISIO VERSIANI DE AZEVEDO FILHO, LEONARDO DO PRADO LIMA, RAQUEL FERREIRA NOGUEIRA, ANDRÉ MESQUITA DE ABREU, BRUNA HAUEISEN FIGUEIREDO, PAULO CÉSAR DE FARIA JÚNIOR, PEDRO HENRIQUE CARAZZA SILVA