Dados do Trabalho
TÍTULO
LIPOSSARCOMA DE CORDAO ESPERMATICO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
O lipossarcoma de cordão espermático é um tumor maligno e raro. Representa 0,03% dos tumores urológicos. Na literatura há cerca de 200 casos publicados. Este se origina do tecido adiposo a partir de células mesenquimatosas primitivas do cordão espermático.
RELATO DE CASO
Paciente masculino, 80 anos, apresentando quadro clínico de hérnia inguinal esquerda. Ao exame, identificado abaulamento redutível e indolor. Foi submetido a abordagem cirúrgica videolaparoscópica. No intra-operatório foi identificada volumosa tumoração ocupando cordão espermático. Realizada a conversão cirúrgica com realização de orquiectomia radical à esquerda com ressecção alargada do cordão. O exame anatomopatológico revelou tratar-se de um lipossarcoma desdiferenciado de alto grau, 55x45mm, margens livres, achado confirmado pela imunohistoquímica. Realizado estadiamento pós-operatório com achado único: linfonodo paraórtico de 12mm. Optado pelo seguimento com imagem em 60 dias. O exame de controle demonstrou um crescimento do linfonodo, 26mm. Realizado PET-CT, sem evidências de lesões a distância. Indicado tratamento cirúrgico: linfadenectomia pélvica esquerda e retroperitoneal. Paciente apresentou pós-operatório sem intercorrências. O exame anatomopatológico demonstrou um bloco tumoral, 65x45mm, compatível com metástase em região paraórtica, e presença de 01 metástase em 28 linfonodos dissecados, com presença de embolização angiolinfática. Realizado novo PET-CT para controle 8 semanas após a cirurgia, não evidenciando novas metástases. Paciente encontra-se em seguimento oncológico há 3 meses com programação de início de radioterapia adjuvante.
DISCUSSÃO
O lipossarcoma de cordão espermático acomete majoritariamente homens na faixa etária dos 50-60 anos. Apresenta-se habitualmente como massa escrotal ou inguinal assintomática de crescimento lento e tem por diagnóstico diferencial hérnias e lipomas. O diagnóstico é através de biópsia. O lipossarcoma pode ser histologicamente dividido em: bem diferenciado, mixóide, células redondas, pleomórfico, indiferenciado ou misto. O tratamento recomendado é a orquiectomia radical com excisão local alargada. Devido às dificuldades anatômicas e tendência a infiltração em tecidos locais, estes tumores apresentam-se difíceis de excisão, com margens cirúrgicas frequentemente positivas. Portanto, a recorrência locorregional permanece um problema e é recomendada re-excisão. A disseminação ganglionar é rara, sendo mais comum a hematogênica. Devido à recorrência locorregional em metade dos pacientes na primeira década, é proposta radioterapia adjuvante. Quimioterapia não tem ainda papel estabelecido. Determinantes do prognóstico são a ressecção completa, o tipo e grau histológicos e o tamanho do tumor. A sobrevida global é de aproximadamente 75% em 5 anos. No caso descrito, estima-se uma sobrevida menor e com maiores riscos de recorrências, tanto locorregionais quanto à distância.
Área
UROLOGIA
Instituições
Universidade do Vale do Itajaí - Santa Catarina - Brasil
Autores
Mateus Henrique Hornburg de Paula, Bruna Salviano de Paula, Gustavo Galvan Debiasi, Felipe Arao Nunes, Bruno Zipperer Surkamp