Dados do Trabalho
TÍTULO
RELATO DE CASO: MEGACÓLON CHAGÁSICO
INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde estima em, aproximadamente, 7 milhões o número de pessoas infectadas pelo Trypanosoma cruzi, agente etiológico da Doença de Chagas, em todo o mundo. A Doença de Chagas em sua fase crônica (duração de 5 a 30 anos) pode ter como complicações: a cardiopatia chagásica crônica e/ou formas digestivas (megas). As formas intestinais caracterizam-se por alterações ao longo do trato digestivo com destruição de neurônios dos plexos mioentéricos (parassimpático), esfíncteres em contração permanente (simpático) e dificuldade de trânsito de alimentos e fezes.
Relata-se o caso de uma paciente de 52 anos com quadro de megacólon chagásico acompanhada no Serviço de Coloproctologia.
RELATO DE CASO
MGS, feminino, 52 anos, procedente do Gama (DF), foi admitida com quadro de dor abdominal difusa e parada de eliminação de fezes e flatos há 6 dias, sendo diagnosticada com abdome agudo obstrutivo, com boa resposta terapêutica clínica.
Antecedente patológico de doença de Chagas, megaesôfago grau IV de Resende, sendo realizado esofagocardiomiotomia à Thal em Dezembro de 2017, além de obstipação intestinal crônica.
Procurou novamente atendimento no pronto-socorro com sintomas oclusivos, sendo diagnosticada, novamente com abdome agudo obstrutivo. Foi realizado rotina de abdome agudo, que evidenciou volvo de sigmoide, sendo desfeito com retossigmoidoscópio rígido, com melhora clínica.
Pouco tempo após a alta hospitalar, reincidiu o quadro de volvo de sigmoide, este foi desfeito novamente com retossigmoidoscópio rígido, tendo boa resposta terapêutica. Foi então, solicitado risco anestésico e cardiológico pré-operatório e programada cirurgia de Duhamel modificada com anastomose colorretal imediata, para correção definitiva do Megacólon chagásico. Paciente após a cirurgia evoluiu bem e sem intercorrências, depois da alta hospitalar segue em acompannhamento ambulatorial com a proctologia.
DISCUSSÃO
O megacólon é uma doença do intestino grosso, caracterizada por estase fecal crônica, com dilatação, alongamento e hipertrofia das camadas musculares, sem que exista obstáculo mecânico responsável por obstrução, atingindo frequentemente o cólon sigmoide. Classifica-se em megacólon congênito (doença de Hirschsprung) e adquirido.
A forma adquirida é principalmente de origem chagásica, sendo uma manifestação intestinal da afecção sistêmica. O sintoma predominante do megacólon chagásico é a constipação crônica e progressiva. Além disso, pode aparecer distensão abdominal e complicações, como obstrução intestinal, causada por fecaloma e volvo sigmoide.
Após seu diagnóstico, o tratamento de primeira escolha é o clínico. Entretanto, se o paciente apresentar complicações em sua evolução, o tratamento será cirúrgico. No caso da paciente a cirurgia de escolha é a de Duhamel modificada com anastomose colorretal imediata que é realizada em um só tempo e possui duas fases: etapa abdominal e a etapa perineal, em que no mesmo tempo cirúrgico rebaixa-se o colo e faz a anastomose com o reto.
Área
COLOPROCTOLOGIA
Instituições
UNICEPLAC - Distrito Federal - Brasil
Autores
Mylena Thayná Silva Alves, Victor Franco de Azevedo Silva, Manuela Thays Silva Fonseca, Pablo Henrique da Costa Silva, Rosa Tanmirys de Sousa Lima, Andria Paula Gomes Pereira, Isabella Cristina Borges Pio, Suzana Cintia De Queiroz