Dados do Trabalho


TÍTULO

ENTERONECROSE EM GESTANTE DE 26 SEMANAS SEM HISTORICO DE ABORDAGEM CIRURGICA PREVIA – RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

O quadro de abdome agudo não-obstétrico é a principal causa de emergência cirúrgica na população geral, sendo raro durante a gestação. A obstrução intestinal é a terceira causa mais comum de abdome agudo em gestantes, sendo as aderências entre alças provenientes de cirurgias prévias a principal razão da oclusão, também podendo estar associada a complicação de doença inflamatória pélvica.

RELATO DE CASO

O presente estudo traz o caso de uma gestante de 16 anos com idade gestacional de 26 semanas, que procurou o pronto atendimento com queixa de náuseas e vômitos fecaloides há três dias. Após investigação, foi diagnosticado um caso de abdome agudo obstrutivo. Foi realizada laparotomia exploradora, na qual foram encontradas aderências como etiologia da obstrução, sendo observada necrose de íleo distal com necessidade de ressecção de 30 cm de alça intestinal e enterectomia com anastomose primária. A paciente não possuía histórico de cirurgias ou doenças sexualmente transmissíveis, e a testagem sorológica para clamídia foi negativa. Na sequência a paciente evoluiu com bolsa rota e anidrâmnio. Foi optado por manter a gestação até a idade gestacional de 28 semanas objetivando maior viabilidade fetal, quando foi realizada cesariana sem intercorrências. O recém-nato foi encaminhado a UTI neonatal. Após período de hospitalização, ambos receberam alta.

DISCUSSÃO

Apesar de dor abdominal ser uma queixa comum em gestantes, o abdome agudo é uma patologia incomum nesse período, acometendo 1 a cada 500-700 gestantes, e dessas, somente 0,2-2% irão necessitar de intervenção cirúrgica. O quadro de abdome agudo em gestantes é um desafio diagnóstico devido às mudanças anatômicas, fisiológicas e bioquímicas durante a gestação que podem mascarar a apresentação clínica. Dentre elas se incluem o deslocamento dos órgãos intra-abdominais, a alta prevalência de sintomas como náusea, vômito e dor abdominal e a leucocitose fisiológica. Além disso, também há relutância em se operar uma grávida sem necessidade. A obstrução intestinal por aderências é um evento raro em gestantes, sendo ainda mais raros casos como o relatado, no qual não havia história prévia de comorbidades, procedimentos cirúrgicos ou de doença inflamatória pélvica. O atraso ou não-realização do diagnóstico levam a um aumento nos níveis de morbimortalidade materna e fetal. Sendo assim, os casos confirmados e com indicação cirúrgica, devem ser abordados cirurgicamente em caráter emergencial, como na paciente não-grávida. No caso exposto, a paciente foi encaminhada ao centro cirúrgico com poucas horas de admissão. Os principais riscos associados a procedimentos cirúrgicos na gestação são a morte fetal, parto prematuro e imaturidade fetal. No presente caso o parto prematuro foi uma complicação, porém, sabe-se que o manejo rápido e adequado propicia melhor desfecho ao binômio mãe-feto, e a conduta tomada permitiu um desfecho satisfatório a ambos.

Área

URGÊNCIAS NÃO TRAUMÁTICAS

Instituições

Hospital do Trabalhador - Paraná - Brasil

Autores

Luísa Zanatelli Brasil Bastos, Gabrielle Terezinha Foppa, João Raphael Zanlorensi Glir, Bianca Aymone da Silva, Viktoria Weihermann, Ana Claudia Marchi de Barros, Marcia Regina Zanello Pundek