Dados do Trabalho


TÍTULO

CONDUÇAO ESTAGIADA DE UMA PACIENTE COM MULTIPLAS FISTULAS ENTEROATMOSFERICAS: UM RELATO DE CASO

INTRODUÇÃO

As fístulas enteroatmosféricas são comunicações anormais entre o lúmen intestinal e a pele e é uma das mais complexas complicações da prática cirúrgica visto que 80% ocorre como resultado de operação anterior. A conduta dessas fistulas ainda é um tema controverso e uma das terapêuticas propostas é a abordagem estagiada da fÍstula.

RELATO DE CASO

Paciente A. L. F. C., sexo feminino, 20 anos, admitida com abdome agudo obstrutivo por bridas. Referia intussuscepção intestinal com 6 meses de vida com abordagem cirúrgica. A abordagem por abdome agudo obstrutivo evidenciou aderências, onde foi realizada enterectomia de segmento de íleo a 100 cm da válvula ileocecal. Após 1 mês, paciente retorna com vômitos e distensão abdominal, além de deiscência de sutura em ferida operatória. Indicada cirurgia que evidenciou aderências em delgado e colóns e feita liberação, também havia um aglomerado de alças de delgado, sem possibilidade de liberação. Realizado liberação de íleo distal e optado por anastomose látero-lateral manual, a cerca de 60 cm da válvula ileocecal. No pós operatório paciente iniciou febre e distensão abdominal. À tomografia foi visto extenso abscesso intraperitoneal e pequeno pneumoperitônio. Indicada nova cirurgia onde foi identificada fístula em anastomose enteroentérica, realizada lavagem da cavidade e direcionamento da fistula com dreno de Kher. A paciente evoluiu com múltiplas fístulas enterocutâneas e foi submetida a tratamento clínico: nutrição parenteral, reposição hidroeletrolítica, antibioticoterapia e cuidados com os estomas por 10 semanas, quando foi submetida a cirurgia para reconstrução do trânsito intestinal e confecção de bolsa de peritoniostomia. Uma semana depois dessa abordagem foi realizada nova cirurgia para fechamento da parede abdominal pela técnica de Small-Bites/Small-Spacing.

DISCUSSÃO

A decisão de operar um paciente para resolução de uma fístula enterocutânea é complexa, há um consenso que se deve aguardar pelo menos de três a seis meses após a laparotomia inicial ou formação de fístula, visto que reduz o risco de lesão intestinal iatrogênica durante o procedimento reparativo. Vale ressaltar que abordagem por estágios preconiza que deve-se tentar liberar todo o intestino desde o ligamento do ângulo de Treitz até o reto, realizar a ressecção do segmento com a lesão e restabelecimento do trato gastrointestinal com anastomose primária. A parede abdominal não é fechada, ficando em laparostomia por cerca de dez a quatorze dias para permitir a detecção precoce de eventual fistula e demais complicações. Posteriormente é programado o fechamento da parede abdominal. Nesta perspectiva, percebe-se ser de extrema importância uma propedêutica estagiada e sistematizada no tratamento de fístulas enterocutâneas, de modo que as possíveis reabordagens sejam devidamente indicadas e realizadas com o intuito de esfriar o processo e planejar abordagem definitiva em tempo indicado pela literatura.

Área

INTESTINO DELGADO

Instituições

Hospital Regional Antônio Dias - FHEMIG - Minas Gerais - Brasil

Autores

MARIA KAROLINE SOUZA CHAGAS, CAMILA RITA DE SOUZA BERTOLONI, TAMIRIS ALVES MENEZES BERNARDES, LISANDRA GONÇALVES PINHEIRO, DANIELA BRAGA FERREIRA, ANGELA RIBEIRO FERNANDES, JOSE DIOGO DAVID DE SOUZA, EDSON ANTONACCI JR